Usina de Letras
Usina de Letras
157 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62219 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10363)

Erótico (13569)

Frases (50615)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140800)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6189)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Umidade relativa do ar:18 porcento -- 12/05/2006 - 16:39 (Paulo Milhomens) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos








( ou Sodoma romano-napoleônica do Planalto Central )





O documentário é uma visão cinematográfica de uma obra anterior. Seria como transpor métodos investigativos de um livro, história oral, uma pesquisa, objeto de estudo, através de uma película aliada a outros elementos, como edição de imagens, câmeras, locução e fotografias. Diversos documentários são produzidos a partir de adaptações livres de obras literárias. Desde que o cinema existe, isso acontece. Diferimos aqui, obviamente, a distinção entre os gêneros ( romance, ação, suspense, drama, terror, comédia e documentário ) cine-literários existentes. O documentário pode trazer em sua constituição a narrativa de fatos reais, pautados em temas amplamente complexos, onde as estruturas do objeto versam num contexto geográfico, político, cultural e econômico. Não é o caso do filme “Brasília 18%”. A produção, claro, não é um documentário. Menos ainda, baseada em acontecimentos reais. Ou quase. Para quem assistiu a película do diretor Nelson Pereira dos Santos, premiado diretor brasileiro com produções consagradas desde a época do Cinema Novo, é exatamente essa visão documentarista dos corredores de Brasília que o autor imprime em sua obra. O longa é bastante previsível ( aliás, o que não é mais previsível do que a corrupção nas instâncias máximas do poder federal que emanam atmosfera acima, nos cinzentos futuristas da arquitetura de Niemeyer? ), com interpretações secas, não exigindo muita eficácia nos tipos comuns apresentados pelo elenco – principalmente quando figuras estereotipadas da Câmara e Congresso Nacional são mostradas. A trama sofisticada, com boas pitadas de suspense entre uma ação e outra, deixa bem claro onde a porca torce o rabo, quando o entorpecente maior da contemporaneidade humana conclama sua vitória: dinheiro. Quando o médico legista Olavo Bilac ( Carlos Alberto Riccelli ) é chamado pelo IML ( Instituto Médico Legal ) do Distrito Federal para periciar um corpo mutilado de uma jovem, supostamente o de Eugênia Câmara ( Karine Carvalho), ligada ao círculo de poder brasiliense, a pressão psicológica sofrida pelo personagem quando é intimado a assinar um laudo “comprobatório” para acusar o namorado da mesma – preso e principal acusado de sua morte – é um trunfo bem resolvido. Evidentemente que todos sabem que ela não foi assassinada. O Estado Federal, com seus figurões bem apessoados, imbuídos de toda a promiscuidade da elite econômica do país ( corrupção, drogas, prostituição e queimas de arquivo ) chegam a ironizar e divertir o telespectador com o nome das personagens, lembrando grandes nomes das artes brasileiras – como Coelho Neto, Augusto dos Anjos, Cacilda Becker, entre outros. Como uma visão intimista da realidade, Santos aproveita bem em suas cenas o cenário urbano da cidade, com suas quadras e avenidas largas, prédios medianos de formas quadradas e curvas de concreto estruturais. JK teria preconizado um pouco de tudo isso?





O abismo social de uma sociedade pode deixar qualquer um na sala de exibição com o estômago enjoado ou a consciência pesada – desde que já tenha provado do mel “verde” – , quando o assunto é cinema nacional, ficção e verossimilhança com situações da nossa sociologia. A grande angústia do longa é sua ambientação bem harmonizada com o clima mórbido de poucas cores dos gabinetes e salas onde determinadas situações vão ocorrendo. Não cabe aqui, gastar linhas para falar do roteiro e analisar a obra. Mas sim, sua influência direta no cotidiano pueril que inspirou o diretor a documentar artisticamente a doentia situação da política brasileira atual. Lembrem, por exemplo, de todo aquele imbróglio, no caso da morte de Paulo César Farias quando o tapete persa do Governo Collor veio à tona na década de 1990. Já vi esse filme...





Paulo Milhomens


Ator e graduando em História pela UFT


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui