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Cordel-->A Professora de Artes -- 22/11/2002 - 12:38 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Mais um mote para ser explorado.
Quem não teve uma professora de iniciação ao sexo?


Minha Professora de Artes
(por Domingos Oliveira Medeiros)

Um conto? Não, mil contos. Era quanto ela cobrava. Ou melhor: era o quanto ela valia. Mas não cobrava nem tanto. Gostava do que fazia. Iniciação às artes. As artes, de modo geral. Inclusive a sexual. Principalmente e mais precisamente. A Georgette era a tal. Francesa, com certeza. Não era de Portugal. Tratava com delicadeza. Com ela não tinha moleza. Sabia arrumar uma mesa. Comida e até sobremesa. Pra levantar o astral. De toda aquela gente. Ainda adolescente. Com alma de Carnaval. Levando a vida no canto. Pulando de alegria. A todos ela atendia. Com a maior delicadeza. Fazia todos os gostos. Adorava a fantasia. Desde quando ela nascia. Da nossa imaginação. Do pulsar de nossas veias. Do desejo bem ardente. Que vinha do coração. Das pernas da professora. Da outra, lá da escola. Que não dava muita bola. Mas que era desejada. Todo dia que chegava. Chamava a atenção na entrada. E a turma ficava esperando. Pra ver a titia sentada. Ou então melhor dizendo. Pra ver sua perna cruzada.


Mas voltando para Georgette. Ela não era professora. Mas era muito gostosa. Gostosa de ensinar. Pegava na mão da gente. E nos mostrava o caminho. O caminho onde chegar. Pra onde o lápis apontava. Sem pressa, bem devagar. Rodando em volta das letras. Fazendo mil piruetas. Em torno do bê a bá. Até chegarmos no dia. De escrever uma frase inteira. Escrever com maestria. Com muito tesão, eu diria. Com letras que não conhecia. Que não se sabia escrever. Por exemplo, as maiúsculas. O ele e o jota, que a ponta entorta. Maiúsculos e minúsculos. Esforço que se fazia. Exigindo dos nossos músculos. Minúsculos e inexperientes. Mal treinados eu diria. Ou bem mal intencionados.

E assim eram nossas aulas. De noite ou mesmo de dia. Tanto fez, como fazia. Bastava bater a vontade. E tudo que era desejo. Era a prioridade. Coisas de adolescente. Coisas próprias da idade. Coisas que mexem com a gente. A questão do inusitado. A questão da primeira vez. A questão do receio e do medo. A questão do segredo. A questão de toda nudez. A questão de ser homem de fato. Deixar de ser bicho do mato. Atender ao seu impulso. Aceitar o desacato. Vez por outra passageiro . Mas que estava sempre presente. Pra ser até mais sincero. Morava ali em frente. Ficava em nossa mente. Praticamente o ano inteiro.

E as aulas eram completas. Gramática, pontuação. Colocação de crases. Sinalização. Ponto, ponto e virgula. Cada parada uma emoção. Um descanso para o corpo. Retoma-se a respiração. E a aula seguia em frente. Todos prestavam atenção. Mas quando chegava a hora. De se falar um com o outro. Usando a palavra alheia. A Georgette logo dizia. Para falar de fulano. Dava logo a sugestão. Se a frase não é sua. Veja e preste atenção. Pode colocar seu lápis. Nessa mesma direção. E escreva o quiser. Imitando a voz do outro. Que eu abro minhas aspas. Coloque a frase inteira. E quando estiver bem treinado. Diga você o que quer. E deixe as aspas de lado.

Foi assim a primeira vez. Que pude dar o recado. Que senti tanto prazer. Apesar do inusitado. Não tenho o que reclamar. Gostei do aprendizado. Hoje estou bem mais tranqüilo. Pra ser franco, bem treinado. Não falo mais pelos outros. Não deixo ninguém enganado. Não ando pensando naquilo. Como faz todo tarado. Mas sou homem bem formado. Muito bem alimentado. Sei amar uma mulher. Com respeito e muito cuidado. E também sou dedicado. Carinhoso, sempre ao seu lado. Tudo que aprendi não esqueço. Nem em dia de feriado. Se a mulher quer companhia. Com ou sem fantasia. Vou dando logo a lição. Peço que traga a gramática. E abra na página correta. A página que indica a seta. A seta da sinalização. Ou a da pontuação. Depois é caprichar na letra. Passar a noite inteirinha. Pensando só na vizinha. Fazendo a dissertação. O resto vem com o tempo. A letra vai melhorando. Na palma de nossa mão.


Domingos Oliveira Medeiros
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