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Contos-->5. O DESASTRE AÉREO -- 09/04/2002 - 06:04 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Poucos passageiros para aquele vôo da... No portão de acesso à passarela do aeroporto, a caminho da aeronave, estava postada equipe socorrista muito preocupada. As condições atmosféricas eram estranhamente desfavoráveis para o vôo, mas a decisão de decolar estava tomada. Nem sonhar em cancelar a partida: havia dentre os passageiros pessoas muito importantes, capazes de acionar a empresa pela perda dos negócios. À hora aprazada, sairia, pois, o avião.

Que temores tornavam a equipe espiritual tão tensa? É que, em meio aos passageiros, estava criatura fadada a longa jornada na Terra, plena de compromissos, que o acaso das circunstâncias apontavam para perecer com os demais, todos com os nomes devidamente assinalados na lista da viagem definitiva.

Como fazer para impedir que Joãozinho tomasse aquele avião? Diversas entidades tinham ido à família para argumentar a respeito da necessidade de se arrumar alguma desculpa para subtraí-lo do rol dos passageiros. Em vão. Espíritos guardiães de diversos encarnados destinados ao etéreo conjugavam esforços no sentido de descobrirem recurso qualquer para postergação da decolagem, para dar tempo de afastar o pequerrucho daquele vôo.

Iria visitar a avó e viajaria desacompanhado. O telegrama avisando o horário de chegada tinha sido enviado. A família concorrera ao bota-fora e todos desejavam ao menino vôo feliz e tranqüilas férias. A notícia do tempo não os assustara, acostumados estavam com as poderosas aeronaves que se erguiam acima das intempéries. Não havia o que temer. O comandante era pessoa conhecida, profissional experiente e dedicado. A tripulação, especializada na recepção dos clientes da empresa, possuía aeromoça capacitada a cuidar do petiz, ainda mais porque o vôo não estava lotado.

A torre de comando deu o aviso preliminar de que o horário deveria cumprir-se e os portões abriram-se para identificação e acesso à gare de embarque. Uns minutos mais e o pequeno tomaria assento em uma das confortáveis poltronas, ao lado da janelinha, para poder apreciar a paisagem. Não seria seu primeiro vôo, por isso a ansiedade estava grandemente diminuída. Beijou os pais, ouviu as derradeiras determinações e entregou a passagem à recepcionista. Queria fazê-lo sozinho, responsável se sentia pela importância de viajar sem a presença dos pais, impedidos de acompanhá-lo por negócios inadiáveis.

Aí, choro convulso, inexplicável, de mau agouro, brotou espontâneo, visão talvez de algum cataclisma iminente, intuído à última hora. Acometido de soluços, lançou-se o pequeno nos braços da mãe, dizendo que não deixaria os pais sozinhos, que desconfiava de que algo iria acontecer a eles, grande tristeza, profunda mágoa. Agarrou-se ao pescoço da mãe e não houve meios de dissuadi-lo a separar-se dela.

Recurso extremo, pouco cauteloso, mas tremendamente eficaz, criaram os protetores espirituais, na mente dócil do jovem, quadro de horrores em que, à lágrima dos pais, se misturava muita dor e sofrimento. Por meio de forte imantação, sob o risco de atemorizar os demais viajantes, conseguiram afastar o protegido da trágica aventura.

Inconformados com a súbita alteração do humor do pequeno, tentaram fazê-lo compreender que nada haveria de ocorrer a eles. Mas Joãozinho bateu pé e, renitente, jurou que não se separaria dos pais. Estranhamente, logo após ter o avião decolado, amainou o ânimo, reconsiderou e dispôs-se a seguir viagem no próximo vôo, no dia seguinte. Novo telegrama alertava a avó a respeito da desistência.



Uma noite se passou sobre o acontecimento. Logo pela manhã, o noticiário anunciava o desastre sofrido pela aeronave em que deveria ter embarcado o pequeno. Os pais, estarrecidos pelos acontecimentos, esconderam do menino o ocorrido e intentaram frustrar-lhe a prometida viagem de recreio. Mas aí não houve argumento que o dissuadisse de embarcar. Sem atropelos mas cheios de apreensão, aguardaram os pais notícias da chegada. O vôo transcorreu tranqüilo e o telegrama chegou com o aviso, sem novidades.



A partir dessa ocorrência, começou profunda pesquisa espiritual da parte da família do pequeno. Correram de ceca em meca para interrogar gurus, pastores, padres e mais místicos que pudessem dar-lhes a compreensão do fato. Receberam as mais difusas e confusas explicações, sem que qualquer delas pudesse oferecer plena segurança de informações. Finalmente, bateram à porta de centro espírita kardecista, onde foram recebidos pelos organizadores das sessões de estudo e de desobsessão.

Imaginaram-se, então, em seu reduto de amor e felicidade. A naturalidade com que foram ouvidos e o teor das explicações convenceram-nos plenamente das razões aventadas, que outras não foram senão aquelas verdadeiras. Para confirmação, foram convidados a presenciar sessão de doutrinação e evangelização, em que se invocaria algum espírito guardião familiar, para possível explanação a respeito.

Através de médium psicofônico, deu-se a entrevista em que o amigo espiritual da família expôs à minúcia as providências tomadas, calando especificamente as razões de tal proteção, mas fazendo crer, pela evidência do fato, que a criança estava bem resguardada de transtornos daquela espécie. Receberam, no entanto, grave censura que influiria em suas vidas de modo definitivo: é que não haviam dado ouvido às premonições que ambos haviam recebido de que deveriam ter impedido o ingresso do filho naquele avião. O instrutor obtemperou a respeito das considerações de que o temor nem sempre é bem fundamentado, dizendo que as normas espirituais mais elementares e, de resto, divulgadas entre todas as religiões, determinam orar e consultar as entidades de proteção dos encarnados em todas as circunstâncias, de modo particular quando se sentem intuições concernentes a decisões de risco.

Tal alerta preveniu-os para futuras deliberações e, tendo sentido na carne a extensão do problema que teriam de enfrentar, caso insistissem naquela postura diante da espiritualidade, passaram a agir de modo bem diferente dali por diante, integrando-se ao grupo de estudos daquele centro e pautando a vida pela singeleza dos conhecimentos e ensinamentos evangélicos.
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