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Artigos-->A ARTE DE LER -- 10/04/2006 - 15:45 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A ARTE DE LER



Francisco Miguel de Moura*



Nestas reflexões sobre a arte da leitura, lembro do livreiro Antônio Aguiar Nobre (Livraria Nobre). Ele zombava de quem ia procurar um livro na sua loja, mas não sabia o nome do livro nem o do autor. Lembro, sim, porque a leitura começa com a escolha do tipo de leitura, o nome do autor e do livro e mais coisas como orelhas, informação sobre o autor e a obra, a crítica e as opiniões já expendidas. Entrar numa livraria sem nenhum tipo de pré-informação é correr o risco de não ser bem atendido, de perda tempo... Ainda sobre a escolha da leitura, o que fazer? Particularmente, eu estou terminando de ler “Angústia”, de Graciliano Ramos, e me preparo para uma Semana Santa em lugar tranqüilo e silencioso. Ler será a melhor ocupação. Que livro levarei? Não preciso comprar. Tenho muitos em minha biblioteca, de clássicos a modernos. Mas a tentação, nestes tempos de consumismo, é comprar mais um. Gabriel Garcia Marques ou José Saramago? Têm estilo parecido. Divertem? Não sou crítico profissional. Escrevo para o jornal e nada recebo em pagamento. Então posso levar um grande, pequeno, médio, clássico, moderno, moderníssimo.

E agora meditemos como deve ser a leitura. Quais são os melhores procedimentos. Eu faço anotações ao lado da página, por isto gosto de ler livros que são meus. Minha biblioteca possui cerca de 2.000 livros, metade já lidos. Ler os clássicos, sim. Nunca devemos deixar de ler os clássicos, eles foram sábios, o tempo encarregou-se de filtrar as melhores obras, os melhores autores. Difícil é a escolha dos contemporâneos. Não é em vão que a história tem muito tempo para sua tarefa de decidir. Às vezes demora séculos para se cumprir. Ou porque a opinião dos contemporâneos atrapalha, ou porque a indústria e o comércio metem seus interesses escusos pelo meio, ou porque sequer se preocupam em descobrir os bons textos e publicá-los. Outras vezes é a política quem mete seu bedelho. Mas a crítica dos contemporâneos, historiadores e leitores, não dorme. O que cai no gosto de um leitor especializado não é o que dá prazer intelectual e físico a 100, 200 não especializados. Em casa, no silencio mais completo, com lápis e papel na mão, marcador de texto, um bom dicionário e uma boa gramática são elementos indispensáveis a um aproveitamento melhor. Ler deitando é apenas para leituras rápidas, de passa-tempo, em férias. Ler na “Internet” nunca será o melhor modo. O certo é ler sentado a uma mesa, fazer esquemas e anotações. Mas o que anotar? Tudo não é possível, atrapalha. Seja apenas o essencial para aquilo a que você foi chamado.

Como a história descobre uma boa obra inédita? Tudo tardiamente. Na literatura brasileira, “Dona Guidinha do Poço”, de Manuel de Oliveira Paiva (2/7/861 – 29/9/1892), cearense que viveu pouco, nasceu em Fortaleza onde faleceu, é seu melhor livro. “D. Guidinha...” só veio a ser descoberto e editado 60 anos depois da morte do autor, pela historiadora da literatura Lúcia Miguel Pereira. Shopenhauer escreveria: “Na história universal meio século é um período de tempo considerável, porque sua matéria passa sem cessar; contudo, há sempre algo que se destaca. Na história da literatura, no entanto, o mesmo período de tempo não costuma significar nada, porque coisa alguma aconteceu: as tentativas canhestras não importam. Portanto, continua-se na mesma situação em que estava cinqüenta anos antes”.

Ler é um remédio para não se sentir a angústia do tempo, para sentir-se a beleza da vida e do mundo, para continuar aberto a outros pensamentos e sentimentos em busca de novas criações. Ler alimenta a alma e o corpo. Ler é uma bela arte.



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Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, mora no Piauí.

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