Há vários dias não assisto os noticiários da televisão, nunca gostei dos programas tipo: “Vale a pena ver de novo”.
Hoje desliguei o aparelho para escrever mais uma vez sobre a brutalidade e insensatez do ser humano e com que falta de humanidade e de Deus é gerenciado o sistema carcerário do nosso país.
Sobre a insensatez da justiça.
Sobre a maldade de quem legisla.
Sobre a ignorância de quem condena.
Os presos de uma cidade do Espírito Santo estão amontoados até em carros estacionados nos pátios das delegacias.
O bicho homem é deveras irracional.
O bicho homem é mais fera do que se imagina.
Isto não é pena de morte?
Igrejas de todos os credos e movimentos pela “vida” gritam aos quatro cantos que são contra a pena de morte e que ninguém tem o direito de tirar a vida de outra pessoa.
Parece ser verdade!
Deve ser mesmo!
Somente daquela que mata na hora?
Somente daquela por choque ou injeção letal?
Somente daquela que coloca a pessoa no corredor da morte?
Isto choca de verdade!
Porque ninguém se posiciona contra a tortura que mata?
Ficar espremido dentro de uma cela, cheirando e exalando o cheiro do abandono e da indiferença e da miséria não é morte?
Sofrer dores físicas e ter que sufocar os ais e entalar os gemidos na garganta não é morte?
Sentir os neurônios se misturar e a razão ir embora para que o lado animal se sobressaia não é morte?
São marginais dizem alguns.
São bandidos dizem outros.
São monstros dizem os indiferentes.
São nada dizem os governantes. (Não votam).
São seres humanos diz Deus todos os dias para quem tiver um pouco de sensibilidade e caridade e amor.
Num país onde dez por cento da população usufrui das riquezas.
Num país onde dez por cento da população freqüenta os lugares mais caros do mundo.
Num país onde dez por cento da população tratam seus cães como hóspedes de hotel cinco estrelas.
Num país onde dez por cento da população tem a seu favor todas as leis e todas as escolas e toda tecnologia e todas as mordomias e toda justiça!
Como deveria ser as nossas cadeias?
Qual deveria ser o perfil dos nossos presos?
Privados de tudo...
Procurando vingança.
E como os dez por cento da população são praticamente inatingíveis, alguém tem que pagar o ônus da indiferença.
