Usina de Letras
Usina de Letras
123 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62159 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22530)

Discursos (3238)

Ensaios - (10345)

Erótico (13567)

Frases (50569)

Humor (20027)

Infantil (5422)

Infanto Juvenil (4752)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140790)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6182)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->É PRA RIR OU PRA CHORAR? -- 04/04/2006 - 13:40 (Lílian Maial) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
É pra rir ou pra chorar?

Lílian Maial





Outro dia recebi pela net o que deveria ser uma "piada", mas que ao invés de me fazer rir, me fez foi repensar o que vem acontecendo com nosso humor, com nosso pensamento, com nossas relações de afetividade e nosso conceito de certo e errado. E me indaguei: "Será que nos acostumamos tanto com o errado, que acabamos incorporando como certo?" É como a consagração popular de uma palavra, que os dicionários acabam por aceitá-la como "nacional". Será que nosso comportamento vai a tal ponto se anestesiando que, por fim, já não ligamos mais para coisas que outrora nos chocavam?





A piada era sobre certos documentos fictícios que a Polícia Federal do Brasil teria escondido, indicando que a Al Qaeda, de Osama Bin Laden, teria ordenado um atentado no Brasil, cujo alvo seria o Cristo Redentor, e que Bin Laden teria destacado dois "mujahedins" para o seqüestro de um avião, que seria lançado contra a "estátua-símbolo dos infiéis cristãos".





A piada continua, com a informação de que os dois terroristas teriam chegado ao Rio no Domingo, 5 de setembro, às 21h47m, num vôo da Air France, e que a missão começou a dar errado quando a bagagem dos muçulmanos foi extraviada, seguindo num vôo para o Paraguai. Após quase seis horas de peregrinação e dificuldade de comunicação, os dois saem do aeroporto, aconselhados por funcionários da Infraero a voltar no dia seguinte, com intérprete. Os dois terroristas apanharam um táxi pirata na saída do aeroporto, sendo que o motorista percebeu que eram estrangeiros e rodou duas horas dando voltas pela cidade, até abandoná-los em lugar ermo da Baixada Fluminense. No trajeto, ele parou o carro e três cúmplices os assaltaram e espancaram. Eles conseguiram ficar com alguns dólares que tinham escondido em cintos próprios para transportar dinheiro e pegaram carona num caminhão que entregava gás. Na segunda-feira, às 7h33m, graças ao treinamento de guerrilha no Afeganistão, os dois terroristas conseguem chegar a um hotel de Copacabana.





Alugaram então um carro e voltaram ao aeroporto, determinados a seqüestrar logo um avião. Enfrentam um congestionamento monstro por causa de uma manifestação de estudantes e professores em greve - e ficaram três horas parados na Avenida Brasil, altura de Manguinhos, onde seus relógios são roubados em um arrastão. Às 12h30m, resolvem ir para o centro da cidade e procuram uma casa de câmbio para trocar o pouco que sobrou de dólares. Recebem notas de R$ 100 falsas, dessas que são feitas grosseiramente a partir de notas de R$ 1.





Por fim, às 15h45m chegam ao Tom Jobim para seqüestrar um avião. Os pilotos da VARIG estão em greve por mais salário e menos trabalho. Os controladores de vôo também pararam (querem equiparação com os pilotos). O único avião na pista é da Transbrasil, mas está sem combustível. Aeroviários e passageiros estão acantonados no saguão do aeroporto, tocando pagode e gritando slogans contra o governo. O Batalhão de Choque da PM chega batendo em todos, inclusive nos terroristas. Os árabes são conduzidos à delegacia da Polícia Federal no Aeroporto, acusados de tráfico de drogas, por papelotes de cocaína "plantados" nos seus bolsos.





Às 18 horas, aproveitando o resgate de presos feito por um esquadrão de bandidos do Comando Vermelho, eles conseguem fugir da delegacia em meio à confusão e ao tiroteio. Às 19h05m, os muçulmanos, ainda ensangüentados, se dirigem ao balcão da VASP para comprar as passagens. Mas o funcionário que lhes vende os bilhetes omite a informação de que os vôos da companhia estão suspensos. Eles, então, discutem entre si: começam a ficar em dúvida se destruir o Rio de Janeiro, no fim das contas, é um ato terrorista ou uma obra de caridade.





Às 23h30m, sujos, doloridos e mortos de fome, decidem comer alguma coisa no restaurante do aeroporto. Pedem sanduíches de churrasquinho com queijo de coalho e limonadas. Só na terça-feira, às 4h35m, conseguem se recuperar da intoxicação alimentar de proporções eqüinas, decorrente da ingestão de carne estragada usada nos sanduíches. Foram levados para o Hospital Municipal Miguel Couto, depois de terem esperado três horas para que o socorro chegasse e percorresse os hospitais da rede pública até encontrar vaga. Debilitados, só terão alta hospitalar no Domingo.





Domingo, 18h20h: os homens de Bin Laden saem do hospital e chegam perto do estádio do Maracanã. O Flamengo acabara de perder para o Paraná Clube, por 6x0. A torcida rubro-negra confunde os terroristas com integrantes da galera adversária (que havia ido de Kombi ao Rio) e lhes dá uma surra sem precedentes. O chefe da torcida é um tal de "Pé de Mesa", que abusa sexualmente deles.





Às 19h45m, finalmente, são deixados em paz, com dores terríveis pelo corpo, em especial na área proctológica. Ao verem uma barraca de venda de bebida nas proximidades, decidem se embriagar uma vez na vida (mesmo que seja pecado, Alá que se dane!). Tomam cachaça adulterada com metanol e precisam voltar ao Miguel Couto. Os médicos também diagnosticam gonorréia no setor retal inchado (Pé de Mesa não perdoa!).





Segunda-feira, 23h42m: os dois terroristas fogem do Rio escondidos na traseira de um caminhão de eletrodomésticos, assaltado horas depois na Serra das Araras. Desnorteados, famintos, sem poder andar e sentar, eles são levados pela van de uma ONG ligada a direitos humanos para São Paulo. Viajam deitados de lado. Na capital paulista, perambulam o dia todo à cata de comida. Cansados, acabam adormecendo debaixo da marquise de uma loja no Centro.





A Polícia Federal ainda não revelou o hospital onde os dois foram internados em estado grave, depois de espancados quase até à morte por um grupo de mata-mendigos. O porta-voz da PF declarou que, depois que os dois saírem da UTI, serão recolhidos no setor de imigrantes ilegais, em Brasília, onde permanecerão até o Ministério da Justiça autorizar a deportação dos dois infelizes, se tiver verba, é claro.





Os dois consideraram desnecessário terrorismo no Brasil e irão sugerir um convênio para realização, no Rio e São Paulo, de treinamento especializado em caos social para o pessoal da Al Qaeda.





Agora eu pergunto: é para rir? Será que foi isso o que imaginamos para nossos filhos? Dito assim, tão legível, não parece chocante que aceitemos tudo isso, que engulamos cada ato de insanidade e ainda paguemos à Rede Globo e à operadora conveniada cerca de R$ 8.700.000 por "paredão" no Big Brother Brasil?





Aonde foi parar o sangue do brasileiro? Aonde foi parar a integridade, a honra, a dignidade, a palavra, a afetividade?





Por que a imbecilidade, a indecência, a ignorância, a grosseria explícita motiva tanto o nosso povo, e a roubalheira, os desmandos dos nossos representantes, o crime dos bandidos e daqueles que deveriam nos proteger deles não nos causam comoção?





Por que saber quem namora quem, quem dorme com quem, quem trai quem é mais importante do que quem vai ser o próximo a ocupar a cadeira de representante e líder do nosso país?





Por que chorar pelo "sofrimento" da casa do BBB é tão fácil, e não corre uma lágrima na face dos milhares de brasileiros que no dia-a-dia vêem seus filhos sujos, famintos, abandonados e sem proteção nas ruas?





***********





Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui