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Artigos-->A banalização das manifestações culturais -- 30/03/2006 - 15:53 (Riva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A BANALIZAÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS

Uma pequena tese compilada por Rafael S. Silva



Manifestações culturais podem carregar consigo inspirações que representam tempos remotos. Esse retorno às raízes, são passadas de geração em geração pelo inconsciente coletivo. Segundo Emanuel Araújo, essa seria a éxplicação para o estilo de muitos artistas que, sem intenção, mantêm certa característica de raiz em suas criações. Assim acontece nas manifestações populares, como as festas juninas por exemplo; nesses encontros populares, a comunidade, seja por tradição ou religião, confecciona diversos artefatos representativos que conservam as tradições, talves remotas.

Seguindo a linha do inconsciente, algumas manifestações afro-religiosas conservam vivas até hoje - como o Candomblé - a expressão musical e corporal muito fortes. Além disso, essas expressões sairam do inconsciente para enriquecer a cultura popular. Segundo Nei Lopes, a música popular não escapa da afro-descendência e principalmente a origem conguesa e iorubana, sendo que a primeira tem influência direta na música, mais propriamente no samba e a segunda molda a música religiosa afro-brasileira e os estilos dela decorrentes. Outra expressão significativa é o Candombi, do Vale do Ribeira, onde há toda uma característica própria, como por exemplo a confecção de instrumentos musicais, que passam por um processo próprio de aquecimento na fogueira, até atingir a afinação desejada.

Essas expressões que acabam idenficando o ser como agente cultural, com raízes e costumes próprios, correm o risco de serem descaracterizadas pela indústria capitalista. A classe média, que há décadas atrás rejeitava as expressões culturais brasileira, fundida principalmente com o entrelaçamento de diversas culturas, e que buscava referências estrangeiras como forma de buscar uma identidade superior que as "coisas de gentinha", agora busca consumir a cultura popular, que está "vendendo" as festas e manifestações culturais. Por exemplo: os carnavais agora são audiência na TV e programa turístico. Assim acontece com muitas outras manifestações, transformando cultura em exotismo. Nei Lopes afirma que a música afro-descendente está cada vez mais "desafricanizada", tais como grupos de pagode (com nomes aparentemente afirmadores de identidade étnica) que estão desqualificando a música afro-descendente; um "pop" direcionado à mídia.

A "Máfia do Dendê", termo aplicado aos "baianos que gostam de aparecer na mídia", é mais um exemplo de como a cultura é desclassificada visando lucros. Principalmente Caetano Veloso e Gilberto Gil entre outros, segundo Gustavo B. Martins, seriam grandes influentes nas redações dos jornais, propagandas turísticas e na divulgação de festas. Manipulam indiretamente a indústria cultural da Bahia, principalmente em Salvador. A mídia baiana afirma que em Salvador há uma eterna folia, onde as pessoas dobram o turno no Carnaval, festejam o ano todo. No entanto, pelo menos um terço da população vive à margem da sociedade.

A classe média e a elite sempre buscaram importar uma cultura Européia ou Americana. Agora, talves por uma busca de identidade, compra o que empresários rotulam de cultura. Ao mesmo tempo que esse movimento desclassifica as culturas populares, está se voltando a atenção para as comunidades periféricas. Com o avanço das tecnologias audivisuais, ONGs, com o objetivo de levar a arte cinematográfica para as comunidades carentes, estão se tornando cada vez mais numerosas. Uma grande colaboradora desses projetos é Kátia Lund, diretora e produtora do lomga metragem "Cidade de Deus", onde todos os atores eram pessoas comuns das comunidades carentes.

Assim como o cinema está saindo da periferia para mostrar a dura realidade, a música também está ganhando o seu espaço. O samba de fundo de quintal é muito apreciado pela classe média, mesmo sendo um estilo oriundo das comunidades carentes. No caso do "Rap" e do "Funk", estão difundindo-se graças ao barateamento das tecnologias de gravação e abrangem um público cada vez maior. Ambos os estilos denunciam a realidade da periferia, porém, nos últimos anos, presenciamos uma forte popularização do "Funk" carioca para a mídia. Parte dessa produção estimula a sexualidade e abandona as raízes periféricas. Outra parte são os "proibidões", música que faz constante apologia ao crime. Mesmo assim, direta ou indiretamente, essas músicas denunciam a realidade brasileira de violência, tráfico de drogas e exploração sexual, principalmente da mulher brasileira.

Toda essa banalização das expressões culturais visando o mercado da classe média, que agora tenta se "abrasileirar" com as imitações de periferia e cultura de base é não só em épocas de copas, ou então, vende o exotismo para o exterior, onde o mercado turístico lucra muito com isso, passando a imagem, já denunciada por Sérgio Buarque em seu livro "Paraíso". Ao mesmo tempo em que há uma propagação, acontece a desvalorização e consequentemente o extermínio das culturas. O que é extremamente prejudicial para o povo que, sem identidade, fica vunerável à informações alienadoras. A destruição da diversidade cultural só interessa à elite, que quer massificar a população, para poder ter o contrôle do mercado cultural, sem sofrer críticas ou resistência.



Bibliografaia:

Holanda, Sérgio Buarque de

"Visão do Paraíso"

Ed. Brasiliana/SP 1977

Lopes, Nei

"A presença Africana na Música Popular Brasileira"

Revista Espaço Cultural/nº 50/2005

Martins, Gustavo B.

"No Rastro do Dendê"



Riva

30/03/06
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