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Artigos-->Ainda existem pelegos sindicais? -- 29/03/2006 - 21:24 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ainda existem pelegos sindicais?



A direção dos órgãos de representação de categorias profissionais e econômicas – sindicatos, federações e confederações – é escolhida através de eleições realizadas entre os associados.

Em muitas situações e em quase todos os países democráticos essas entidades têm servido de trampolim para que seus dirigentes desenvolvam carreira política ou ocupem funções públicas.

É muito comum, também, que presidentes de muitas entidades se eternizem nos cargos, impedindo a desejável renovação de suas administrações.

Todo mundo se lembra do extraordinário poder que Jimmy Hoffa acumulou nos Estados Unidos, durante muitos anos, como presidente de uma central sindical.

Essa legendária figura era cortejada pelos políticos, pois sua participação podia fazer pender a vitória para o lado que ele apoiasse.

A ambição de poder levou-o a atos de corrupção e ele foi condenado e preso pela justiça americana.

Aqui no Brasil não chegamos a ter nenhuma figura equivalente a Hoffa, mas ao longo dos últimos quarenta anos vários dirigentes de sindicatos e federações, tanto no meio dos trabalhadores quanto no dos empresários chegaram a deter considerável prestígio.

A facilidade com que transitavam nos centros de poder, o lobby que montavam e as relações pessoais que estabeleciam com autoridades e parlamentares acabavam por lhes transferir grande capacidade de interferir nos negócios governamentais.

Em certa época, como resultado de sua permanência nas presidências dessas entidades, muitos deles ganharam a alcunha de pelegos. Pelegos sindicais e pelegos patronais.

Desde que o PT foi fundado há mais de vinte anos um grande número de presidentes de sindicatos e federações, nos estados e na capital do país, além de se reelegerem seguidamente meteram-se na política e fizeram-se representantes de suas categorias no Senado, na Câmara dos Deputados e nas assembléias legislativas.

O governo atual contem entre seus quadros, a começar pelo presidente da República, vários ministros de Estado (três oriundos de sindicatos de bancários) e muitos parlamentares que vieram do movimento sindical.

O ambiente empresarial não é diferente e muitas pessoas dessa área chegaram a altas posições políticas.

Para os trabalhadores, sobretudo, a carreira política virou um grande negócio, na medida em que lhes abriu as portas para ganhos financeiros, com a percepção de elevadas remunerações e outras vantagens pessoais.

Muitos foram guindados a postos de grande relevância e de altos salários, como a presidência e diretorias de empresas estatais e de outras entidades, a exemplo do SEBRAE.

Uma coisa trágica nesse processo é que o mérito e a competência dessas pessoas não são fatores decisivos para suas nomeações.

No campo restrito da representação sindical o que se vê é a baixa renovação de seus quadros dirigentes.

No setor em que trabalhei, por exemplo, ficou famosa a presença, por anos a fio, mandato após mandato, de Theophilo de Azeredo Santos à frente da Federação dos Bancos, no Rio de Janeiro.

A fórmula encontrada pelos banqueiros para tirá-lo do cargo consistiu em transferir a sede da FENABAN para São Paulo.

Aqui na Bahia, eu me lembro muito bem de que na primeira quadra dos anos sessenta houve uma batalha para defenestrar da Federação das Indústrias o então presidente, que ocupava o cargo havia muitos anos.

Naquela época elegeu-se para seu lugar Jayme Villas-Boas Filho, que era banqueiro e industrial, e que prometera alterar o estatuto para impedir mais de uma reeleição na FIEBA.

Ele próprio só ficou durante um mandato, dando assim uma demonstração de coerência e de humildade.

Infelizmente, seu exemplo não frutificou e o que temos visto nas duas mais importantes federações de empresários baianos, nos trinta últimos anos, é a perpetuação de seus presidentes.

Bem fariam os industriais e comerciantes se imitassem a tradição da Associação Comercial da Bahia e da Santa Casa de Misericórdia, que não permitem a reeleição de seus principais dirigentes por mais de um mandato.

Salvador, 29 de março de 2003



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