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Artigos-->CULTURA E CULTURAS -- 29/03/2006 - 19:05 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CULTURA E CULTURAS



Francisco Miguel de Moura*



Correu a notícia, recentemente, de que um grupo de médicos procurou um professor de português, queriam reciclar-se no conhecimento da língua, com prioridade para a redação. Que ilação filosófica se tira do fato? Um cirurgião ou outro qualquer profissional específico pode ser competente, saber muito da técnica do seu ofício e pouco das outras áreas do conhecimento humano. Portanto, ninguém chega a ser uma pessoa culta no sentido estrito da palavra se não escreve bem a sua língua. Apontei a profissão de médico, de modo especial o cirurgião, mas quero ressaltar que uns poucos dentre eles são doutos. O Dr. Ivo Pitanguy é um exemplo eloqüente. Este, sim, é uma grande cultura. Não foi em vão que a Academia Brasileira de Letras o levou para o seu seio.

Justo pela complexidade, a idéia de cultura é pouco ou nada explicada, não obstante tantos pronunciamentos. Culto, ao pé da letra, é quem cultiva alguma coisa: profissão, arte, técnica, saber. Pode ser folclore, sociologia, filosofia, religião, literatura ou artes, inclusive o artesanato. Como bem se pode perceber, há tipos de cultura mais consentâneos com a alta classe, os letrados, e outros que são feitos por analfabetos ou analfabetizados. São estes próprios do povo, do homem comum. Dos primeiros, dê-se os exemplos da cultura lingüística, jurídica ou literária; do outro, a cultura midiática (cordel, literatura de massa e talvez a policial). Todos são cultura, como são a agricultura, o cultivo das flores (floricultura), a pecuária, a indústria de móveis, vidro, sapatos, etc. etc. ou a prática do reisado, do bumba-meu-boi, do carnaval, do futebol. Cultura pode ser tudo o que o homem aprende a fazer para o seu bem e o bem da própria humanidade no decurso da história, não obstante haja quem aponte a guerra, a política e a religião no rol das culturas. Dizendo que cultura é “tudo”, abre-se apenas uma face da questão. Os brancos têm uma cultura, os amarelos outra; os negros e os indígenas têm também as suas próprias, diferenciadas.

Cultura é também democracia, convivem debaixo do mesmo teto as mais diversificadas idéias e práticas, sem nenhum conflito, salvo aqueles que derivam das religiões ou se referem à política pelo poder. Mas comumente as culturas se delimitam e se circunscrevem a uma geografia, um clima, um meio social, um tipo de alimentação. Todos esses tipos de cultura formam um todo com a aspiração de liberdade e felicidade, embora nem sempre tenham consciência dos seus direitos e dos seus deveres. É como se a cultura fosse uma federação de culturas compartimentadas na forma, mas não em seu conteúdo. Os governos e a sociedade civil têm que respeitar essa compartimentação, já que nenhuma delas aceita ceder terreno.

Lendo Arthur Schopenhauer (1788-1860), caiu-me aos olhos uma revelação que a outros tantos deve ter ocorrido. Escolhemos citá-lo por causa de sua autoridade de pensador:

“Só pode merecer o nome de gênio alguém que assume como o tema de suas realizações a totalidade, aquilo que é grandioso, as coisas essenciais e gerais, e não alguém que dedica os esforços de sua vida a esclarecer qualquer relação específica de objetos entre si”.

Em suma, quem mais entende de cultura é o filósofo e não o técnico. E quem é culto não significa dizer que é gênio. Ou sábio.

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*Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, mora em Teresina, Piauí.

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