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Artigos-->VERDADES PRIVADAS -- 27/03/2006 - 14:39 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
VERDADES PRIVADAS



Francisco Miguel de Moura*



“Todas as coisas são puras para os corações puros”. Não me lembro agora o nome do sábio que formulou tal sentença, de qualquer maneira faço-lhe uma homenagem por citá-la.

Há certas expressões da língua doméstica que terminam ficando gravadas como perenes na língua geral. Quem não sabe o que é “passar um telegrama para Brasília ou para o Presidente”, assim como “estar no trono”.

Vamos ao contexto. Se em casa a presença de alguém da família é notada, imediatamente se pergunta:

–“Cadê fulano?”

E ele responde de lá:

– “Estou no trono”.

É um diálogo cuja tradução muitas pessoas já sabem, mas vamos ser mais claros. Quase todos, embora não digam, adoram a privada porque é um lugar de prazer. Embora muitas vezes doa, defecar é um ato prazeroso, de descontração, de descarregamento. Além disto há outros que são ocasionados pela visita a esse lugar: O toalete: – barbear-se, raspar-se, escovar os dentes, colocar ruges, batons, perfumes e óleos, olhar-se no espelho – mas também ler poemas, piadas ou outra “literatura” humorística, ficar sem nada fazer além da espera, sentado (uma posição bem natural, apesar de que as sentinas de hoje são antinaturais, diferentes das chamadas fossas de buraco, onde a ordem era ficar de cócoras). É também tempo de pensar, devanear, sonhar.

Das gozações apontadas no diálogo – há muitas outras – tiram-se lições verdadeiras, honestas e castas. Todos podem ser reis (ou rainhas) por 15 a 20 minutos diários, sem estar na telinha de Globo, como no mais podre programa televisivo, o Big Brother Brasil. Rei de si mesmo que é o maior reinado. Conjugam-se ali momentos de reflexão e humildade.

Defecar é uma ação muito humana, como outras que se praticam no banheiro, inclusive o solitário ato sexual. São como pensar, gargalhar, ir para o trabalho, namorar, mijar, etc. Porém, o mijar, mirando-se na filosófica linguagem do povo, é uma coisa bem menor. Está ligado a paixões, sentimentos fortes, em que a razão e o intelecto pouco entram.

– Gente, a fulana está-se mijando por fulano.

O ato remete, embora que sutilmente, ao sexo.

Há de perguntar-se: como os dois atos principais, defecar e mijar, podem nos levar a observações tão distantes, se são tão parecidos?

A linguagem é quem explica, embora Freud também possa fazê-lo, pois tudo o que agrada ao homem (e à mulher) remete ao sexo, ao prazer. Até na dor pode-se sentir gozo. É o caso do parto.

E por falar em parto, também há na linguagem popular alguma coisa que faz a ligação entre o parir e o defecar. É comum o seguinte diálogo:

- Fulano, onde você está?

– Estou em serviço de parto.

Por hoje basta. Mas creio ter dado início ao desenvolvimento de um tema tão complexo, quase proibido. O debate e o estudo estão abertos. Essas discussões merecem todo o respeito. Uma prova de que o humor, seja negro, macarrônico, político ou doméstico, ironia consigo ou com os outros tem um poder de catarse muito grande e merece ser levado em conta na educação e na saúde, na vida privada e na vida pública.

–––––––––––––––––––––––––––––––––

*Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, mora em Teresina porque quer, porque gosta.

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