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Teses_Monologos-->INTOLERÂNCIA -- 22/10/2015 - 08:39 (Ricardo Barreto Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
INTOLERÂNCIA
Ela tem quase tudo que admiro numa mulher, mas não consigo entender a sua maneira de pensar.
Ela é fatalista, acha que o pobre veio ao mundo para sofrer e o rico para gozar.
Não entende que o sofrimento do pobre é provocado pela concentração da riqueza nas mãos de uma minoria.
Não entende que, quando um acionista ganha dinheiro na bolsa preocupado apenas com o rendimento, não se importando se a empresa na qual aplica o seu dinheiro está fabricando armas ou produzindo algum produto prejudicial à saúde ou ao meio ambiente. Sem se importar se a empresa está utilizando mão de obra infantil ou se administrador daquela empresa está obrigando os trabalhadores a trabalharem cada vez mais ganhando cada vez menos porque senão é ele, o administrador, quem perde o emprego.
Esse acionista está cooperando para aumentar a pobreza, que aumenta a desigualdade, que aumenta a criminalidade.
Não entende que para haver menos desigualdade e menos sofrimento é necessário que os pobres se conscientizem e se organizem para reivindicar, como estão fazendo os “Sem Terra” que ela tanto critica.
Precisamos apoiar esses movimentos, pois só com a desconcentração da riqueza vamos ter menos violência nas ruas.
Não é com esmolas e com campanhas de solidariedade que vamos resolver o problema da pobreza.
È com reivindicação e luta, apoiando aqueles que defendem os interesses da maioria da população e não o das elites.
O governo vai liberar 125 milhões de reais para recuperar os estragos causados pelas últimas chuvas que deixou milhares de desabrigados em Pernambuco, enquanto doou um bilhão e meio de reais para que dois banqueiros continuassem a levar uma vida luxuosa.
Por que o governo não proíbe as igrejas de extorquir dinheiro dos fiéis, através de lavagem cerebral, no lugar de querer punir o MST por receber contribuições sobre os financiamentos conseguidos do governo pelos associados?
Financiamentos conseguidos graças à pressão do próprio MST.
È contra isso que temos que lutar e não ficar de braços cruzados agradecendo as migalhas enviadas pelos governantes, aceitando tudo passivamente achando que tudo acontece devido a uma vontade divina.
Afinal não estamos exigindo nada demais, apenas a parte que nos cabe da riqueza produzida com o nosso trabalho.
A gente idealiza uma mulher que irá realizar todos os nossos sonhos.
Uma mulher perfeita que irá satisfazer todos os nossos desejos.
Alguém que pense parecido com tudo o que nós pensamos sobre a vida.
De repente uma palavra, uma frase, uma atitude por parte dela e tudo desmorona.
Percebemos constrangidos que ela não era a mulher que imaginávamos.
Aconteceu com E quando ela me falou que eu não sabia o que ela fazia quando não estava comigo, insinuando que podia estar saindo com outros homens.
Aconteceu depois com G, a segunda, quando ela me pediu para não tentar modificá-la que ela nunca seria a mulher culta na qual eu queria transformá-la.
Aconteceu agora com S. quando ela disse que os “Sem Terra” estavam errados em invadir propriedades. Que ela discordava dos métodos de luta deles por um pedaço de terra para plantar e poder viver com o mínimo de dignidade.
Mas será que foi só por isso que eu me desencantei e deixei de gostar delas?
Será que fui intolerante demais por não aceitar que pensassem diferente de mim, ou não gostava delas o suficiente para continuar com elas apesar das divergências?
Ou isso foi apenas a gota d’água que desencadeou tudo porque o sentimento que eu nutria por elas não era forte o bastante para aceitar a opinião delas.
No caso de S. não posso dizer que ela me enganou.
Eu me enganei porque quis.
Ela mostrou desde o início quem ela era.
E quem é S?
S. é uma pessoa apaixonada em tudo que faz.
Uma pessoa batalhadora que ainda não conquistou a sua independência porque não quis fazê-lo violentando a sua consciência.
Uma pessoa que passou por altos e baixos na vida enfrentando tudo com altivez e mantendo seu espírito livre e generoso.
Mas ela é também uma pessoa contraditória.
Ela usa o temperamento agressivo para intimidar quem não concorda com ela.
Diz que acredita em duas religiões, católica e espírita, mas não pratica regularmente nenhuma delas. Acho que ela não acredita em nada, mas não tem coragem de assumir a sua descrença.
Uma pessoa que diz sentir compaixão pela miséria e sofrimento dos pobres, mas defende o modo de vida perdulário dos ricos que vivem às custas desses pobres.
Uma pessoa que não aceita críticas querendo fazendo-nos supor que é perfeita, o que ela não é, pois não prima pela ética.
No íntimo talvez ela seja uma pessoa frágil e insegura que exibe toda aquela arrogância para encobrir a sua fragilidade.
Não sou dono da verdade.
Talvez ela esteja certa e eu errado, mas não vou mudar a minha maneira de pensar, da mesma maneira que ela não vai mudar a dela.

Recife, 10/08/2000
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