QUEM TE VIU E QUEM TE VÊ
Filemon F. Martins
Há um ditado popular que diz: “Quem não deve não teme”. Assim, fica difícil para o cidadão leigo, como eu, entender o que está ocorrendo com o Partido dos Trabalhadores e suas atitudes nestes 03 (três) anos. Também não é possível entender a filosofia política do Supremo Tribunal Federal, que na gestão do presidente Nelson Jobim sempre decidiu em favor do governo, mesmo em casos comprovadamente estranhos.
Alguns políticos e empresários convocados para depor nas CPIs procuram antecipadamente apoio do Judiciário, através de liminares e hábeas corpus objetivando não responder perguntas dos membros da Comissão. Entram mudos e saem calados, sob a proteção da Corte Maior, que, aos poucos, vai-se tornando um apêndice do governo Lula.
É verdade que o Direito respalda o STF para tomar decisões tão antipáticas. Mas é bom lembrar as palavras do apóstolo Paulo: “TODAS AS COISAS ME SÃO LÍCITAS, MAS NEM TODAS AS COISAS CONVÊM.” (1º Coríntios 6:12) É simples assim. Pode ser lícito, pode ser correto, mas enquanto isso, a sociedade brasileira fica sem respostas assistindo as vergonhosas decisões do Congresso Nacional, que, de representantes do povo, tornaram-se negociadores de políticos salvando a pele de seus pares. E pior: na primeira pergunta o interrogado diz: “não vou responder”, na segunda, “não vou responder”, na terceira, repete: “também não vou responder”, como fez o publicitário Duda Mendonça “depondo” na CPI.
Quanto ao PT, a mudança é radical, no episódio do Collor, o motorista Eriberto França detonou o esquema PC Farias e o PT, na oposição, foi o primeiro a esquentar a CPI e Collor caiu. Hoje, o caseiro Francenildo dos Santos Costa confirmando informação do motorista Francisco das Chagas detonou o esquema da “turma” de Ribeirão Preto. O PT, através de liminar concedida pelo STF calou o caseiro. Ocorre que o caseiro já havia falado no inicio de seu depoimento o suficiente para provar a contradição do Ministro da Fazenda. Afinal, por que tantas mentiras? Será que aquele PT, paladino da ética, da decência e da honestidade abriu mão de tudo apenas pelo prazer de governar o País?
E o que dirá a parcela que restou da militância petista, que, ingênua, ainda acredita na utopia do partido sem mácula, capaz de defender os interesses dos trabalhadores brasileiros, conforme se apregoou durante 20 anos? É cedo para se ter uma idéia do que vai acontecer, mas já é possível prever que o eleitor vai reagir diante de tanta corrupção e falcatruas regadas a mensalão.
Para a sociedade, o estrago feito pelos escândalos que vieram à tona nestes últimos meses é bem maior que o ocorrido em 1993 com a CPI dos Anões do Orçamento. Contudo, tem sido minimizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, afirmou “não saber de nada” e pelo presidente da Câmara, Aldo Rebelo, que não acredita que a “imagem da Câmara tenha saído arranhada depois das absolvições dos deputados Roberto Brant (PFL-MG) e professor Luizinho (PT-SP)”, no processo de cassação dos parlamentares envolvidos no escândalo das propinas.
Estamos vivendo um período de trevas: A deputada Ângela Guadagnin, do PT, dança e comemora a impunidade no plenário da Câmara. “Dize-me com quem andas e eu direi quem tu és.”Já são sete réus confessos que a Câmara absolve. Os quatro deputados que renunciaram ao mandato, provavelmente já se arrependeram. Seriam salvos pela Câmara. Que vergonha! O STF, através de liminar, interrompe depoimento de caseiro, que contradiz o poderoso Ministro da Fazenda. Enquanto isso, o pagamento de propina a parlamentares para aprovação de projetos escusos, já provado e comprovado, mostra que no Brasil, o crime compensa e como compensa.
Tem razão a articulista Eliane Cantanhêde, em seu artigo na Folha: FIM DO MUNDO.
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