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Artigos-->A cara da miséria -- 21/03/2006 - 12:19 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A cara da miséria



Será que não existe miséria em Caldas do Jorro, o distrito de Tucano onde se encontram as famosas águas termais?

Será que os pobres de lá são menos pobres do que os de outras cidades?

Não sei como responder a essas perguntas e é bem possível que somente uns poucos moradores da localidade saibam.

Essas questões estão aqui colocadas porque, ao visitar o Jorro recentemente, tive oportunidade de andar pelas ruas periféricas, nenhuma delas calçada, e me impressionei com o que vi.

Num primeiro momento a cavalo e, no dia seguinte, em automóvel, ao lado de três amigos, percorri as áreas pobres do distrito e não vi a cara da miséria.

Tanto meus companheiros como eu ficamos impressionados com a limpeza das vias públicas, sua varrição certamente realizada pelos próprios moradores, a arrumação dos locais, tudo a indicar um certo zelo de todos.

Mas, o que realmente nos surpreendeu foi não ter visto nenhum barraco, casa de taipa, de barro batido, de taboas, madeiras ou lonas recolhidas Deus sabe onde, como é comum nas invasões e acampamentos de sem terra e nas fraldas das grandes cidades.

Na verdade ficamos felizes com o estado das casas, todas de alvenaria, em geral com vários cômodos, muitas com as fachadas pintadas, cercadas por muros.

Parece, aliás, que na cidade, tanto a classe média como os pobres gostam de instalar portões de metal em formatos originais e com desenhos curiosos, pois contamos muitos deles na área.

A situação do tipo de moradia do povo pobre de Caldas do Jorro bem que mereceria uma pesquisa sócio-econômica, dessas que abrangem desde o padrão de renda aos bens de consumo duráveis das famílias.

Ao mencionar essas observações a um empregado da pousada onde estava hospedado ouvi dele que a população do Jorro é muito pobre, que naquelas casas moram muitas pessoas, algumas que estão inscritas no programa de Bolsa-família do governo federal.

Segundo ele, não há o costume na cidade de se construir barracos. Todo mundo se esforça para edificar casas de alvenaria, as quais vão sendo ampliadas gradualmente com o auxilio de parentes e vizinhos.

Mas o fato inconteste é que a situação do casario dos bairros pobres do Jorro mostra que os menos favorecidos obtêm, de alguma forma, recursos para edificar casas bastante razoáveis, se comparadas às que se vê em outros lugares.

Por outro lado são muitas as antenas parabólicas implantadas nessas casas, mas esse fenômeno se repete em outras cidades. Em Brejo do Tracupá, por exemplo, que fica alguns quilômetros antes do Jorro, praticamente em todas as residências antenas parabólicas estão fincadas acima dos telhados.

É verdade que Tracupá deve ter uma boa distribuição de renda, onde a pobreza também é menor, pois na cidade existe um artesanato de objetos de couro que ocupa grande parte de seus habitantes. Como, aliás, ocorre em Caldas do Jorro.

E aqui, talvez, esteja a explicação para a aparente melhor situação econômica dos moradores desses distritos. Quando há trabalhos de artesanato, toda a comunidade se beneficia com a venda dos produtos confeccionados por centenas de pessoas. Além da atividade artesanal, um alto índice de aposentados nas localidades ajuda a elevar o padrão de vida da população.

No Estado de Pernambuco, por exemplo, existem algumas cidades que possuem excelente distribuição de renda, graças ao artesanato. Santa Cruz do Capibaribe e Tracunhaém são casos dessa natureza, assim como em Paulista, vizinho ao Recife, onde existia grande fábrica de tecidos dos Lundgreen, vivem milhares de aposentados, operários que trabalhavam naquela empresa.

Embora o artigo não tenha sido escrito com esse objetivo, a gente chega à conclusão de que nada substitui o trabalho, o emprego como principal fator de combate à pobreza e à desigualdade social. Programas assistencialistas, que consomem verbas imensas do orçamento federal, sempre sujeitos a fraudes e desvios, e que esmagam a dignidade das pessoas e às vezes torna-as escravas da benesse oficial devem e podem ser substituídos por medidas de estímulo ao trabalho. O resultado será muito melhor, em todos os sentidos.

Salvador, 21 de março de 2006

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