Ousamos alargar as fronteiras do oceano
Que o separa dos domínios do mundo.
Pois eis que a terra nada é,
Sem o brilho incendiário das marés,
A enlouquecer o seu íntimo.
Em beijos de seda os amantes se incendeiam,
Seus corpos prateados de lua se absorvem.
Cantos de exaltação ao encontro mágico.
O sal dos dois fecunda a semente que é eterna,
E que é feita de eternidade...
Sentimos os ventos uivarem em reverência,
À maravilhosa união.
A nudez é pura, olhos vivendo o interior alheio.
Sentimentos jorram numa cachoeira infinita,
Silenciando a noite com o coro ensurdecedor dos seus gemidos.
Carícias sutis que corrompem vergonhas.
As ondas quebram no interior da areia
Num vai e vem que transcende o tempo.
Em harmonia, num abraço caloroso,
Os seres mergulham numa luta sem vencidos.
Um toque inicia novamente a sucessão de delírios,
Mente e corpo tocando a beira do espírito.
Seja a minha terra, mulher:
Deixe-me contemplar a tua vastidão de vida.
Deixe-me ser o teu mar, doce criatura,
E venha se afogar nesta loucura que eternece...
em 1996
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