O segmento empresarial que mais lucrou nos oito anos de FHC foram os bancos. Dizíamos que era vergonhosa e indecente a lucratividade dos banqueiros.
Com a posse de Lula imaginamos que uma mudança haveria na economia para equilibrar essa farra lucrativa dos banqueiros. No entanto, com o atual governo os banqueiros bateram seus próprios recordes e continuam lucrando em cifras estratosféricas. E tudo parece normal. Hoje, quem não sonha em se tornar dono de banco?
Se fizermos uma análise abrangendo toda a América Latina, nenhum banco conseguiu em toda a sua história atingir uma lucratividade como o Bradesco teve em 2005. O maior banco privado do Brasil fechou o ano passado com um lucro líquido recorde de R$ 5,5 bilhões, resultado 80 % superior ao do ano anterior.
Os sete maiores bancos no Brasil (Bradesco, Itaú, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Unibanco, Santander Banespa e Nossa Caixa), faturaram R$ 31 bilhões em cobrança de tarifas.
Os maiores bancos públicos federais do país, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, divulgaram seus balanços de 2005 com lucros recordes. O BB teve um resultado positivo de R$ 4,2 bilhões, o que representa um crescimento de 37 % sobre o lucro de 2004. Este foi o maior lucro da história do banco. Já a Caixa teve um crescimento ainda maior: 40% superior ao de 2004. A CEF registrou um lucro líquido no ano passado de quase R$ 2 bilhões.
E os bancários? Os bancários trabalham com medo das demissões e são coagidos a vender produtos e cumprir metas absurdas. São trabalhadores estressados e com um considerável índice de alcoólicos. Mas algo desenvolve nos bancários: A LER/DORT.
Mas os banqueiros não sabem o que é essa doença. Eles não estão nem aí.
Para melhorar a qualidade de vida e de atendimento a ampliação do horário seria uma medida socialmente justa, mas isso os banqueiros não discutem. Com essa galáctica lucratividade os bancos deveriam exercer maior responsabilidade social, reduzindo juros e tarifas e melhorando a prestação de serviços aos clientes com novos postos de trabalho.
Se algum bancário tiver a oportunidade de numa madrugada de domingo sintonizar a Rádio Gaúcha, às 6 horas ouvirá o programa “Galpão do Nativismo”. Dorotéo Fagundes é o âncora do programa que cultua as tradições gaúchas e glorifica os nossos heróis farroupilhas. Podemos curtir algumas páginas memoráveis do nosso cancioneiro: Gildo de Freitas, Pedro Ortaça ou o legendário Jaime Caetano Braum.
O encontro de guascas nos proporciona algumas “tiradas” bem-humoradas. Há três semanas uma senhora de Rio Grande telefonou para denunciar o abuso praticado pelos donos de postos de gasolina que estavam cobrando R$ 3,20 o litro. Tão logo afirmou o absurdo do valor, em alto e bom som um coro de vozes gaudérias afirmou: “Mas que indiada ladrona!”.
Um outro cidadão também denunciou o mesmo abuso em Tapes. O coro foi o mesmo: “Mas que indiada ladrona!”.
Se algum bancário, após uma noite de insônia e às 6 horas da manhã estiver sintonizado no “Galpão do Nativismo” e ligar informando o lucro dos bancos, qual será o bordão que o coro de guascas exclamaria?