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Cronicas-->Meu depoimento -- 31/10/1999 - 20:21 (Leon Frejda Szklarowsky) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
br> DEPOIMENTO DE UMA PESSOA QUE VOLTOU A VIVER
A doação de córnea, na minha concepção, não deveria ser um direito e sim uma obrigação. E não só a córnea, mas qualquer órgão.
Porque não permitir que uma pessoa possa enxergar, se já não mais vamos utilizar o órgão, quando falecemos? Porque não dar o direito a alguém poder ver como a vida é bela. Poder viver. Poder continuar a caminhada que o doador não pode, talvez porque o Altíssimo assim quisesse!
É muito difícil, relatar o sofrimento de alguém que não mais enxerga e sentir que, pouco a pouco, vai perdendo a visão, esta vai piorando e perceber a dificuldade de ler e de dirigir. No meu caso, o dia era noite. E, assim , como era difícil e impossível dirigir, pois a visão ficava turva, eu não tinha nenhum reflexo. Mas, o inferno em que eu vivia, a noite que me envolvia, só eu, Deus meu, conhecia. Eu era uma moça triste, solitária, apesar de bem casada. Fumava.
Até a minha vida cultural estava profundamente afetada, pois a cinema não mais ia, nem a video assistia, já que, com a distància, a minha visão era só de 20%, enquanto que depois da cirurgia, a mesma já alcançou a margem de 80% com tendência de até atingir 100%.
Foi uma longa e árdua jornada, durante quatro anos, eu fui a vários médicos oftalmologistas em Brasília e São Paulo, e ninguém conseguia resolver o meu problema. Durante todo este tempo, foram feitas várias tentativas, com lente de contato e nada dava certo, pois eu sofria de uma doença seríssima, chamada ceratocone, "córnea em forma de cone, pontiaguda", e esse problema só é resolvido com lente de contato ou transplante de córnea.
Foi um sofrimento muito grande, para mim, pois eu tentei todos os tipos de lente possíveis e imagináveis, e não havia nenhuma que se adaptasse ao meu olho, pois eu não suportava nenhuma lente, meu olho vivia irritado, e doía continuamente, inchava, inflamava e eu vivia com dores intensas, no olho, e o mesmo sempre ficava inflamado. Até em hospital eu já fui parar, numa madrugada, com uma inflamação no olho. Era a ceratite. Tive que suportar tampão no olho por três longos dias, com dores e desconforto insuportáveis.
Depois de muito sofrimento, de eu já ter perdido as esperanças, de quase enlouquecer, eu encontrei, o melhor médico, Dr. Marcelo Cunha, que viu que o meu caso, só seria solucionado por um transplante de córnea.
No dia 12 de junho de 1995, eu fui submetida ao transplante de córnea, com sucesso total.
Ai de mim, não fosse a doação gratuita, de longe, não sei de onde, desconhecida, solidária, que Deus guarde sua bondosa alma, porque, enquanto viver, jamais me esquecerei que enxergo com os olhos de alguém que viveu, amou e até quando morreu fez o bem!
A minha recuperação tem sido perfeita, como eu nunca imaginaria fosse. E hoje em dia, ainda em recuperação, eu já posso até dizer que possuo uma visão normal, pois tudo o que eu não fazia antes, hoje eu já faço, já dirijo, já enxergo, e graças à Deus, as dores de cabeça e dores no olho que eu sentia, já ficaram no passado.
Ao meu médico, Dr. Marcelo Cunha, eu só tenho a dizer, que o mesmo me deu o que nenhum outro médico conseguiu me dar, a esperança de um viver melhor e a possibilidade de voltar a enxergar, pois ele é um médico maravilhoso e muito competente, e que faz a medicina com amor, trabalho e dedicação, que é o que devemos fazer na vida. Pois tudo o que fazemos, não adianta fazer se não houver dedicação, amor e competência.
E graças ao transplante de córnea eu posso dizer que sou uma pessoa feliz, e que acredita no ser humano, pois graças à pessoa que doou a córnea, eu pude voltar à enxergar, e ver com os meus próprios olhos, como a vida é bela, e que sempre se deve acreditar no próximo. Hoje, voltei a ser alegre.
Para finalizar, gostaria de dedicar o sucesso da minha cirurgia, ao Dr. Marcelo Cunha, ao grande médico que ele é, à Sandra (Ortóptica), e à toda sua equipe, e também o sucesso que está sendo a minha recuperação. A eles, a única coisa que eu posso dizer, é muito obrigada.
E ao Senador Lúcio Alcàntara que o Altíssimo o ilumine e permita que vença esta balalha em favor daqueles que já não mais tinham esperança e que poderão viver uma vida melhor.


Vera Szklarowsky Jankosz
Publicado na REVISTA JURíDICA CONSULEX 2, FEVEREIRO DE 1997, PÁGINA 17.
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