Nada a ver
maria da graça almeida
Enquanto a chuva
preenche valetas
e o céu confere
goteiras,
guardo os sonhos
amarelos,
entre os lenços,
na gaveta.
Enquanto meus pés,
espertos, dormem
e meus olhos, dormentes,
despertam,
a emoção morre de fome,
numa fenda indigesta.
Ai, quem dera
eu pudesse
saber na ponta
da língua:
por que o amor
míngua,
quando a paixão
ultraja a prece?
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