Irão desmontar o guarda-roupa da vovó.
(guarda-roupas vêm do Pleistoceno,
somente os armácute;rios
são do período Jurácute;ssico).
Irão desmontar o armácute;rio da vovó.
Oitenta anos se passaram,
e ele ocupa o mesmo lugar
com suas oito gavetas profundas
para dispor medos
e lenços de seda.
Irão desmontar o amigo da vovó
Seu enorme espelho olhava
os meus três anos de idade;
algo refletia
até que decorei algo: “meus olhos”.
E também aprendi havia uma boca,
havia o nariz, os dentes
e escutavam meu coração,
batia no fundo daquele guarda-roupa
que antes era um armácute;rio
porque ocupava o quarto Jurácute;ssico,
onde os dinossauros tremiam em algum lugar.
Mas irão desmontar o armácute;rio de vovó,
ocorreu que semana passada
o enorme espelho quebrou,
quebrou tanto que o móvel não disfarçou
e parou
tornou-se algo como um guarda-roupas,
uma montanha
ao lado da cama,
imóvel como a cara de uma colina,
grave como uma preguiça gigante
deitada ao lado da cama...
E assim, de repente,
- porque algo começava a acordar -
decidiram desmontar o armácute;rio,
agora era guarda-roupas da vovó,
um monstro.
DO LIVRO: "O ÚLTIMO FOGUETE"
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