Usina de Letras
Usina de Letras
162 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62220 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10363)

Erótico (13569)

Frases (50616)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140801)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6189)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->A triste vida de Patrícia -- 04/04/2002 - 20:05 (Rose Maura Fleixer) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Patrícia tinha uma vida comum, tão comum que chegava a não ter graça alguma. Era extremamente tímida e introspectiva, não se sabia como conseguia se comunicar, coisa que fazia apenas em casos de necessidade. Não era feia, mas o seu jeito de ser a tornara esquisita. Tinha dificuldades na escola e já contava 21 anos e ainda não terminara seus estudos básicos. Fosse talvez um caso de extrema carência, visto a discriminação pela sua forma de ser. Queria segurar-se a algo que fosse somente seu, e este é o maior dos problemas de quem busca com ansiedade soluções práticas para suas deficiências, ao invés de tratá-las.
Por ser de família humilde, o constrangimento era ainda maior e precisava se sobressair de alguma forma para contornar sua fama de mal-sucedida.
Certa vez, numa festa, encontrou um cara, daqueles que eram o seu oposto e que lhe deu bola, sem nenhuma perspectiva de continuidade. Por ser o cara famoso em suas conquistas, sentiu-se, pela primeira vez, privilegiada e assim, achou ter encontrado o caminho para a solução tão procurada. Mas Patrícia, ao achar-se esperta e, percebendo que o tal carinha a tratara como a tantas outras, frustrou-se profundamente, mas, ainda assim, decidiu que aquela seria a sua salvação. Quem não gostaria de possuir o mais cobiçado?.
Engravidou, então, na desesperada tentativa de segurá-lo, sempre alegando um descuido, quando para provar suas boas intenções ao rapaz acabou por abortar, mas percebendo que o aborto era o desligamento total do namorado, conspirou contra o mesmo para que seu pai soubesse do fato e aí interferisse, criando um constrangido compromisso do rapaz para com ela, o que, de certa forma, era conveniente para sua família, posto ser o rapaz de condições financeiras melhores que as suas e talvez, apesar de toda fama de "Dom Ruan", lhe garantisse um futuro melhor.
Diante de todo um fato que envolvia duas famílias (a do rapaz e a dela), o rapaz acabou por sucumbir a pressão e aproveitou um quartinho, onde se encontrava com suas amantes, e lá instalou-se com Patrícia. Foi então que começou nova etapa em sua triste vida. Porque o rapaz sempre a avisará-lhe de sua forma de ser, do seu prazer em estar com os amigos e ter liberdade total como dantes.
Patrícia submetia-se a tudo. Ele chegava em casa com roupas sujas de baton. As vezes saía a noite e só voltava no dia seguinte. Normalmente não a apresentava para os amigos, visto ser ela tão introspectiva e assim causava-lhe vergonha e ela foi agüentando o que podia, só para ter a sensação de uma conquista para auto afirmar-se, além do que, cometera o maior pecado, que foi apaixonar-se. Porém, não percebera ela que ele nunca fora seu. Ele tinha um sentimento de pena e culpa por ela e isso que o mantinha ao seu lado, mas ela fingia não perceber este fato. Agora estava casada, pensava ela.
Além dos traumas, Patrícia tinha problemas de ordem psico-emocional, pois de tempos em tempos, calava-se por uma semana ou mais, parecia um zumbi, e era até preciso alimentá-la na boca.
O rapaz, certa vez, sabendo que aquela relação forçosa não teria futuro, resolveu devolvê-la a seus pais, mas no dia seguinte, sob a alegação de que o pai a expulsara de casa, voltou para o namorado e este penalizado, novamente a acolheu.
Patrícia tentava a todo custo engravidar novamente para ficar mais segura onde estava, mesmo não sendo bem quista por ninguém, porque dela nem notavam sua presença, até que conseguiu, ainda que contrariando seu suposto marido, mas sabendo esta que este não poderia mais livrar-se dela depois disto e de fato fixou-se. Teve um filho, passou a ser mais infeliz que antes, até que percebeu que tudo pelo que lutara, agora se concretizara. Era ter algo que fosse eternamente seu o seu desejo, e isto veio com o filho e nem percebera, só que em condições nada éticas, mas finalmente, dentro de todas as suas limitações conseguiu, ao menos uma vez, satisfazer sua vontade. Não estava mais só, não precisava mais arquitetar planos que a tornavam cada vez mais infeliz. Não precisou falar mais. Agora vivia de apreciar seu grande e único feito de que foi capaz de produzir.


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui