BOLERATA EM SERRO
Fala-se muito da vesperata em Diamantina. Lembrei-me, então, da BOLERATA em Serro, cidade histórica, tombada pelo Patrimônio, localizada, “no alto azul do espinhaço”, no cantar do hino da cidade, bem pertinho de Diamantina e igualmente rica em arquitetura barroca, casarões, igrejas, da época áurea do ouro, nas minas gerais.
A BOLERATA em Serro, Iviturui, em linguagem indígena, pelo clima de frio que a caracteriza, diferentemente da vesperata, em Diamantina, é, em ponto menor, por isso, aconchegante, envolvida pelo calor humano.
Enfim, o que vem a ser a tal BOLERATA? Uma sinfonia envolvente. Acontece numa das vielas, em curva, no meio da rua, cercada por casarões de dois andares, estilo de época. Ali se posiciona o maestro da banda, ladeado por mesas e cadeiras, onde se acomodam as pessoas, que desfrutarão do espetáculo. De um lado e outro, nos prédios, grudados uns aos outros, nas sacadas do segundo piso ficam os metais da banda e na parte de baixo, os de percussão ostentados, pasmem, por crianças e adolescentes. O gerente da banda, com sua batuta, do meio da rua, lá em baixo, confundindo-se com o povo, dá início à maravilhosa audição. A acústica é perfeita. A música percorre a viela e esbarra nos casarões e cai em nossos ouvidos como algo que vem dos céus, angelical, em melodias que nos fazem recordar os ternos dias de nossa infância. É indescritível. A emoção toma conta de todos e ninguém resiste à vontade de cantar, cantar, cantar... Vale a pena ver e desfrutar desses momentos que serão inesquecíveis. Convido os leitores e aos amantes da música e das boas coisas da vida a verem e ouvirem a beleza singela da BOLERATA, na querida e pacata cidade mineira de Serro Frio, nossa eterna Iviturui.
Belo Horizonte, 01 de maio de 2005.
Marco Aurélio de Betinha de Zaíta de Zé Dayrell de Tuquito de Sinhá
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