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Artigos-->Propaganda e mordomias -- 01/03/2006 - 12:09 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Propaganda e mordomias





“Prefeitura do Salvador atrasa pagamento e raciona combustíveis; não paga a empresas contratadas para a limpeza pública e não renegocia as dívidas com hospitais e clínicas, do que resulta o cancelamento de convênios, inclusive com o Instituto de Previdência dos Servidores, entre outros.”

O estado não honra o pagamento de precatórios e mantém um estoque de dívida com empreiteiros de fazer inveja a bancos que emprestaram dinheiro a Marco Valério.

As notícias acima se referem a manchetes de jornais de uma semana apenas, mas não constituem novidade para qualquer brasileiro, seja ele da Bahia ou de qualquer outro estado.

Acho que nem os tribunais regionais ou os federais têm idéia do montante da dívida dos entes públicos com precatórios, mas deve ser algo de bilhões. Muitos bilhões.

Não obstante essa dramática realidade, situações que levam dezenas de empresas brasileiras à bancarrota, à espera de créditos que não são pagos, o que a gente vê todo dia nos jornais, na TV, nas rádios e em gigantescos cartazes de rua é a propaganda oficial apregoando as realizações do governo. Tudo é motivo para a zoadeira: uma escola que se inaugura, as estradas cujos buracos estão sendo tapados, a iluminação de uma faixa de praia, etc., etc., iniciativas que não passam de obrigação dos governantes.

Outro dia estive imaginando quanto os governos – federal, estadual, municipal – gastam por ano com propaganda, sem falar nas empresas públicas? Deve ser uma cifra assustadoramente grande, mas não tive condições de imaginar qualquer número. De repente é algo da grandeza da própria dívida com precatórios, alguns bilhões de reais que são jogados no ralo todo ano. Com toda a certeza vão pro ralo e pro bolso de muita gente!

Vemos essas coisas todo dia e não tomamos consciência do que efetivamente elas significam em termos de desperdício e de desrespeito à sociedade. Não nos posicionamos, não mostramos nossa indignação. E no fundo, o objetivo da propaganda governamental tem caráter exclusivamente eleitoral, visa a aumentar a popularidade do eventual ocupante do poder, não obstante a mídia lhe dê cobertura total, divulgando suas ações, viagens, inaugurações, discursos e pronunciamentos, enfim, dando-lhe a maior visibilidade possível diante da população.

A presença do governo na imprensa deveria limitar-se à informação de fatos importantes, à divulgação de campanhas de interesse público e de exemplos que valorizem a formação moral, ética e civil dos cidadãos.

Além das despesas com propaganda, outra que deve ser muito grande é a que cobre as regalias e mordomias de titulares dos governos a ministros, secretários de estado, prefeitos, vereadores, senadores, deputados, do poder judiciário, uma miríade de pessoas a receber benesses do poder público pagas por nós, servidores públicos que se dizem autoridades.

As vantagens vão desde verbas de gabinete a carros com motoristas e residências chapas-branca, cartões de crédito corporativos, passagens aéreas e hotéis de luxo, uma infinidade de itens que só as verbas contábeis são capazes de detalhar.

(Quando penso nisso, sempre me lembro de um primeiro-ministro (da Suécia?) que foi agredido à porta do cinema, quando se dirigia para casa, a pé).

Aqui, ministros de tribunais superiores, de tribunais de contas e desembargadores, reitores, presidentes e diretores de empresas estatais têm carros à porta de casa, com motorista permanentemente à disposição.

Consta que cada deputado estadual na Bahia recebeu um automóvel zero km. de banco que faz o pagamento dos salários dos servidores públicos, mas eu acho que não é verdade. Seria tanta falta de pudor dos dois lados, que eu não acredito.

Que vergonha que essas coisas aconteçam num país que paga salários miseráveis a seus trabalhadores, em que os cidadãos de melhor renda no interior são os aposentados do INSS, com pensões da ordem de trezentos reais!

Quanto custa tudo isso e por que é necessário manter esse nível de status por conta do povo?

É preciso acabar com tudo isso, essa pouca vergonha que se disseminou por nossa realidade e anestesiou nossa sensibilidade moral!

Salvador, 1/3/2006

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