No fundo da minha mente
se esconde um ser,
um desejo monstruoso,
que em poucos segundos,
faz tudo virar nada.
Mas ninguém
nem ao menos,
conseguia entender
o porque das coisas
serem como são.
Esse ser de quem eu falo
não é um ser qualquer.
É um ser que apenas
queria ter tudo aquilo
que respirava e os outros
reprimiam.
Um dia ele sentou-se,
no meio do horizonte,
iluminado pela luz da lua
e chorou,
chorou, porque
as coisas eram tão lindas
e ficavam tão distante.
Chegou a hora em que
ele levantou a cabeça
e pensou:
Vou morrer sim,
mas vou morrer
me divertindo,
porque ninguém
merece o meu esforço.
muito menos o meu sofrimento.
E depois da ventania,
tudo volta a calmaria.
E seu desejo?
Seu desejo insano,
seu desejo
quase impossível
como um arado,
foi se apagando pela Terra
criando e formando
raízes em vários trópicos,
despertando o desejo
de liberdade,
aqui e lá.
Um dia me vi
em todos os lugares
e em nenhum ao mesmo tempo.
Mas onde quer que estivesse,
não podia deixar de ouvir
uma canção:
“Somos perfeitos vegetais da Terra,
seremos um dia a vida do céu.”
As vezes me sinto
como um querubim enjaulado,
ou seria tudo fantasia?
Ou tudo o que digo
a respeito do que sou,
vem apenas de palavras?
Palavras transparentes,
ou frágeis como o cristal?
Parecem um punhal?
Ou será que ascendem
incêndios inocentes?
Ou talvez, cheios de culpa?
Por que essas palavras
um dia não se tornam verdade?
Por que não se tornam puras?
Inimigas do artifício?
Digo adeus ao às ilusões,
mas não ao mundo.
Sem qualquer esperança
muito definida,
espero um dia,
encontrar na multidão,
que vai e vem,
um rosto,
surgindo na escuridão
e logo some.
É um rosto amigo,
e sei que dele muito preciso.
Eu sonhei
e imaginei
tudo o que um dia
eu poderia ser.
Tive paixões,
e entre cada uma delas,
a solidão se formava
crescendo em meu peito.
Eu afirmei que
era muito fácil
cumprir as juras do dia fatal,
mas, em que espelho
ficou perdida a minha face?
Faço o que tenho vontade
e não me sinto culpada.
Quando cresci e cheguei a ser mulher,
desisti das fantasias de criança.
Hoje olho para o espelho
e reconheço como sou conhecida,
mas também tenho sentimentos
obscuramente apagados,
e muitos sonhos
e por eles
eu me sinto “sempre-viva”.
E então eu me pergunto
porque é tão importante estar viva?
Acho que ninguém pode viver por mim.
Preciso saber para onde vai todo meu esforço.
e qual meu supremo objetivo na vida.
Sem distinção,
sem hora marcada,
sem adiantamentos,
sem medo de sofrer,
eu quero aprender a viver.
Cometi o vício cínico
de quem fala em virtude,
mas serei absolvida
dos meus pecados capitais.
E a minha raiva
morrerá a míngua.
Solitária.
Finalmente
a minha alma será mais suave,
me deixando descansar em paz.
E no descanso,
terei sete mil anos,
para me transformar em serpente,
virar semente e voltar ao princípio,
para a Terra que me alimenta,
onde tudo era o pólen
que ficou escondido até hoje
no fundo da minha mente...
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