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Artigos-->Enquanto seu Bono viaja pelo mundo... -- 22/02/2006 - 09:41 (Paulo Milhomens) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Em artigo de opinião publicado pela Agência Carta Maior, no dia 20/02/06, onde exponho uma opinião polêmica sobre Bono Vox, fico feliz pelas palavras comentadas enquanto crítica contrária às idéias emitidas por mim nesse texto. O que percebo é uma sutil falta de percepção na análise da situação verificada. Neste caso, o U2 no Brasil. A situação é a seguinte: duas apresentações da turnê Vertigo 2006 em São Paulo e a bem sucedida luta social promovida por Paul Hewson(Bono) ao longo de seus anos de carreira, e não acusações populistas, conforme algumas informações jornalísticas sucitam. As críticas – algumas muito bem fundamentadas bibliograficamente – demonstram o quanto é bom e interessante perceber o poder do discurso público de políticos resolvidos em seus propósitos. Fico a indagar uma questão: se a frustrada empreitada do U2 com o álbum “Pop”(1998) obtivesse êxito, suas atitudes políticas certamente delineariam em outra coisa. O flerte com a música eletrônica significou um enorme prejuízo para os fãs, que passaram a diagnosticar enfermidades no grupo, não apenas na melodia, mas nas letras. Como criticar uma sociedade de consumo ocidental e doentia, se o U2 escancarava todas as possibilidades de vender uns milhões de discos a mais por pura indiferença à Coca-Cola? – podemos vender tanto como vocês. Já que o quarteto irlandês é tão popular, poderiam desplugar definitivamente suas metodologias de marketing enquanto “meninos do bem” e esquecer um pouco a intenção de salvar a Terra. Como vivemos numa era escassa em referenciais ideológicos ( isso implica dizer conceitos desvalorizados e desmotivados pela estrutura do capitalismo internacional, abrindo ainda mais o abismo da velha diferença de classes ) dignos de proveito e entusiasmo, fica difícil perceber as coisas pelo panorama geral. O que alguns fãs descontentes denotaram, de maneira romântica, foi o dissabor daquilo que, de longe, não fui o único a escrever. Aliás, os fãs do U2 sabem muito bem, observando a carreira do grupo, que o produtor musical Brian Eno foi o responsável pela modificação no som da banda, incrementando uma estilização dos elementos pop com a influência do rock pós-punk dos anos 80. O grupo amadurecia, isso era satisfatório. Essa caracterização estética precisou existir entre os músicos, do contrário, as adversidades do mercado fonográfico seriam cruéis. Por outro lado, se observamos as mudanças naturais da imagem pela ótica do elemento cinematográfico ( coisa que o U2 soube explorar bem em seus videoclipes ) nas criações visuais do quarteto, filmes que propagandeiam “tiros” e “bombas” já foram alvos para trilhas musicais utilizando-se de seu repertório por produções de Hollywood. Dialeticamente, não estranhemos ver Bono na capa da revista TIME com a bandeira dos EUA, com um título no mínimo, ambíguo: “Bono pode salvar o mundo?” A visão de politicamente correto acarreta uma inusitada vendagem da revista em ângulos semióticos que denotam o principal agressor do planeta ( tanto em matéria de direitos humos e preservação ambiental ) como salvaguarda do cantor em sua incansável luta pela paz. O país que mais lucros deu ao U2 é o maior agressor natural do globo terrestre – e se os canalhocratas da mídia estadunidense tivessem compromisso com o mundo, veriam a situação com menos hipocrisia – , e isso está longe de ser o foco central da discussão. É realmente fantástico ver a estrondosa produção de seu show, mas os elementos midiáticos empregados em 146 mil fãs ( contabilizadas as duas noites no estádio do Morumbi ), talvez, sequer explicitem o senso crítico de sua platéia fervorosa. Afinal, emoção é o que interessa.



Como disse anteriormente, vários mecanismos novos foram criados pela indústria fonográfica para o mercado consumidor. Afinal, guerra também dá lucro. E como dá... Mas essa é apenas a ponta do iceberg, a multidão presente não poderia permitir nada de incômodo durante o evento. A tática de Brian Eno deu certo. Até aí, impossível resistir a tal produção. O showbussines sabe exatamente como atingir suas metas, conquistar novos consumidores, essa é a famigerada era dos discursos criados e vendidos ( dependendo da necessidade de quem os compre ). Delimitemo-nos apenas no discurso econômico necessário, então, não veremos além dos CDs que compramos, mesmo sabendo que isso não represente um problema. Se o nome do grupo é uma referência militar a um avião norte-americano – paralela à sua filosofia de concerto punk – qual das duas visões seria contundente num cenário de Guerra Fria? Dizer que não houve proveito comercial disso tudo é uma grande piada ou mera hipocrisia, cabe a cada um refletir. Quando falamos em cultura de mercado, as coisas são bem mais complexas...

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