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Contos-->O Reino do Destino -- 02/04/2002 - 20:12 (Thiago D Angelo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Reino do Destino

Peguei um táxi defronte ao colégio, na Avenida Lincoln. Entreguei ao motorista um papel com o endereço da casa onde eu iria me hospedar. Estava escrito que era na mesma avenida e também que lá encontraria a família que me acolheria. Minha tensão às vezes dava saltos em imaginar com que tipo de gente eu ia conversar e conviver todos os dias.
Não troquei palavras com o motorista, e este por sua vez também não se manifestou tão cedo, dirigindo cautelosamente. Reservei algum tempo para notar no estofamento do carro e na grande quantidade de anéis na mão que movia a direção.
Eu estava muito cansado, mexendo em meu aparelho auditivo que incomodava um bocado, e sem perceber, o velho costume de conversar com as paredes trouxe vida involuntária à minha língua, fazendo-me balbuciar algumas palavras depois de bocejar:
- É, vamos ver o que o destino reserva pra mim nesse lugar...
- Você é quem faz seu destino, meu jovem! – o motorista respondeu em português claro e bem pronunciado.
- O senhor é brasileiro?
- Não, sou filho de brasileiros, mas nasci aqui, e se tem dúvidas de como se forma o destino, vou então lhe contar uma história sobre um homem que viveu a muito tempo atrás...



...desde muito jovem sua maior virtude era a coragem, esta notada e comentada por todos de sua família. O garoto sempre soube o que queria e não media esforços para obter o sucesso desejado por ele, buscando dentro de si próprio todas as forças que eram necessárias sem dar ouvidos e olhos para as pequenas manifestações do final de esperanças.
Cresceu, se fortaleceu em corpo e alma e então quando chegou o momento certo vestiu a armadura pesada, maciça e brilhante e foi servir o exército de cavaleiros reais de seu reino.
Quando uma nuvem negra invadiu a região daquele reinado e o povo se viu ameaçado pelas forças invasoras ele logo demonstrou seu espírito de liderança e fez da espada o instrumento defensor do reino e do trono. Sentiu os nervos saltarem do corpo nas maiores e mais sangrentas guerras que o mundo conheceu e quando o inimigo fora completamente derrotado as tropas voltaram para casa.
Lá o rei recebendo as informações da guerra e ficando ciente da bravura do corajoso cavaleiro o nomeou general supremo das tropas com o título de o Homem da Vida.
Emocionado jurou mais do que nunca servir ao rei usando toda sua vivência e experiência para conduzir o exército pelo caminho mais seguro e correto.
Com a paz instalada teve mais tempo para analisar tudo o que viu e sentiu no período de guerras, reservou seu tempo para a reflexão e assim aprofundou-se na filosofia que rodeava o seu ser. Escreveu suas memórias e seus pensamentos e os publicou para o povo, para os nobres e para a realeza.
Muitos tiraram proveito de sua obra para si próprio e ao ler as palavras do Homem da Vida, o rei então valorizou mais ainda aquele cidadão, fazendo dele agora um dos nobres com o título de Homem de Pensamento.
Participava agora de várias festas, reuniões e até conselhos dentro do palácio real e quando surgiu a oportunidade todos puderam ouvir de sua boca, com uma verdadeira voz de orador, palavras provenientes da sua obra e dos seus pensamentos e então homens e mulheres prendiam sua atenção aos discursos daquele vivido guerreiro.
Era letrado e falava muito bem e era sempre escolhido para pronunciar suas palavras ou outras notícias do interesse de todos e como o rei não era apto a se comunicar em público, transformou o Homem de Pensamento em orador real, o único de todo o reinado, com o título de Homem da Palavra.
Vagava agora pelo castelo aconselhando os nobres e sempre que podia se mistura à plebe, e então, colocou mais em prática o que pensava. Passou a ajudar a quem necessitava, ensinava aos homens o que ele mesmo tinha aprendido com a vida e em pouco tempo todos notaram seu trabalho missionário junto á comunidade.
O rei mais uma vez não desgrudava os olhos daquele homem e viu que ele unia mais o povo e trazia os homens mais para perto da ordem, das leis, enfim, fazia com que o governo ganhasse o prestígio do povoado, muitas vezes até acalmando os mais revoltosos.
Sem pensar duas vezes pronunciou a todos que orador agora passaria a ser o maior missionário de todos tempos, um sábio, e o deu o título de Homem da Ação.
Todos realmente demonstravam adorar o Homem da Ação, o cumprimentavam, o saudavam com banhos de pétalas de rosas em praça pública onde ele se sentava para conversar com o povo. Os nobres o convidavam para todas as ceias fartas de comida e bebida, só para estarem na companhia daquele homem tão carismático.
Mas um dia, quando o homem se sentou na praça para assistir às pessoas, teve uma surpresa muito grande que fez seu coração pular dentro do peito. Uma multidão caminhou e sua direção e parou bem a sua frente. Um velho de capuz correu até ele, que vendo se levantou para encontrar o cidadão. Então aquele velho subiu no banco em que o Homem da Ação estava sentado e gritou para o povo, erguendo a mão direita para o alto:
- Como porta voz de meu povo nesse dia tão especial, reivindico que a voz da plebe ecoe mais forte do que nunca. A partir de hoje nosso maior líder, a personalidade mais carismática e o caráter mais exemplar do reino, haverá de subir ao ponto mais alto deste castelo, e sentar-se no trono real como nosso novo rei!
A multidão explodiu em gritos e mãos para o alto:
- Homem Rei! Homem Rei! Homem Rei!
De uma das altas janelas do castelo o rei via tudo o que estava ocorrendo lá embaixo e um sentimento nojento de inveja mesclado com ódio invadiu seu corpo num só instante. Via agora que o homem na qual depositara sua confiança estava roubando a confiança do povo e fazendo dele, o grande rei, uma mera peça descartada. Então, depois de esmurrar uma parede convocou os guardas para que o seguissem e que trouxessem o Homem da Ação ao encontro dele em uma sala do castelo.
O rei estava de pé quando o Homem Ação entrou pela porta escoltado por mais um guarda, ao todo eram uns sete guardas naquele cômodo. O rei o fitou nos olhos e andando de um lado para outro proferiu em um tom de voz suave:
- Então o povo clama seu nome, não? – deu uma pausa e lá de fora vinham gritos ainda bastante eufóricos – Como você pode me apunhalar assim Homem da Ação? Dei-te tudo o que precisava e você nesta manhã, vem para o centro e tenta tomar minha coroa!
- Não fiz nada Alteza, ainda estou um tanto quanto surpreso com tudo isso e juro que não sei o que dizer. Aliás, eles não sabem o que dizem!
- Sabem sim! Estão me jogando no lixo! E querem você! E eu sei muito bem o que também dizer e fazer! Guardas! Matem-no!
Nenhum guarda se moveu, nem mesmo seus olhos balançaram por entre a abertura do elmo! Estavam nervosos, mas sabiam que isso ia acontecer uma hora ou outra, senão hoje talvez no amanhã, e se mantiveram firmes, sem arriscar nenhum movimento.
- Eu ordenei que o matem! Estão esperando o que? – gritou ele furioso.
Mas os guardas permaneceram imóveis e então o rei arrancou sua espada de dentro da bainha e tentou aplicar um golpe em Homem da Ação, que mesmo sem combater em guerras por muitos anos soube se desviar da afiada lâmina e então derrubar o rei no chão. Os guardas sem demora agarraram o rei que se debatia, querendo se soltar dos braços dos guardas, mas nada conseguiu fazer com sete homens fortes o carregando pelos corredores do castelo.
Homem de Ação permaneceu atônito naquela sala tentando entender, ou melhor, compreender tudo e quando saía pela porta foi abordado pelos nobres do castelo que o aplaudiram por alguns minutos. Então pode sentir que aquele era o desejo de todos.
Duas semanas se passaram e ele foi então coroado. Não mais seria chamado pelos seus títulos, mas agora o saudavam como Alteza. Governou por muitos anos, estabelecendo a paz e a união no seu reino. Fez da sua experiência de vida seus pensamentos e preocupações com o povo. De seus pensamento fez suas palavras e suas ordens. Suas palavras e ordens se tornaram suas ações, proezas e obras. Suas ações caracterizaram então a sua personalidade, seu caráter como governante e ser humano. E esse caráter influenciou em tudo naquele reino através dos anos para que então se tornasse algo de muito valor, recebendo o nome de Reino do Destino.

*este croniconto faz parte de uma série de outros semi-independentes do autor.
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