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Artigos-->JK: anos dourados -- 21/02/2006 - 14:49 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ANOS DOURADOS



MARIA LUCIA VICTOR BARBOSA (*)



A minisérie sobre JK que a Globo está apresentando em horário agora já tardio para o tipo de telespectadores que aprecia “Big Brother Brasil”, sem dúvida ressuscita tanto criticas quanto elogios ao ex-presidente. Mas, é inevitável, para quem tem um mínimo de sensibilidade, a comparação daqueles tempos com os de hoje quando tudo se apequena, se banaliza, se vulgariza tornando o exercício da política, com as honrosas exceções que sempre existem, um mero festival de desfaçatez, de achincalhe do bem comum, de ganância desmedida e insaciável, de mau-caratismo e de cinismo. Se a corrupção brasileira sempre foi endêmica e pertencente a toda sociedade e não só aos políticos, hoje se exacerbou de forma avassaladora, perdendo-se a diferenciação de valores e prevalecendo o vale tudo do poder. Vivemos, mais do que nunca, a era do “todo mundo faz, eu faço também”. E venha a nós o caixa dois.



De minha parte, conforme escrevi em meu segundo livro, “América Latina - em busca do paraíso perdido”, o afável mineiro de Diamantina foi popular sem ser populista, (praga que infesta o Brasil e toda América Latina) e hábil mestre das articulações de forças adversárias ou aliadas. Ele inaugurou um estilo de governo surpreendente para os padrões latino-americanos, através de sua conduta democrática e de sua mentalidade arrojada, voltada para o desenvolvimento do país, que queria industrializado, sonho que sintetizou no slogan : “Cinqüenta anos em cinco”.



O rapaz pobre que se sustentou com emprego de telegrafista para poder fazer o curso de medicina em Belo Horizonte, acabou fazendo trajetória política brilhante: deputado federal, prefeito de Belo Horizonte, governador de Minas Gerais.



Em 31 de janeiro de 1956, Juscelino Kubitschek assumiu a presidência da República e inaugurou o período mais democrático e de maior desenvolvimento que o país conheceu.



Conforme Thomas E. Skidmore em sua obra, “Brasil de Getúlio a Castello”, “entre 1955 e 1961, a produção industrial cresceu 80% (em preços constantes), com as porcentagens mais altas registradas pelas indústrias do aço (100%), indústrias mecânicas (125%), indústrias elétricas e de comunicações (380%) e indústrias de equipamentos e transportes (600%). De 1957 a 1961, a taxa de crescimento real foi de 7% ao ano e, aproximadamente, 4% per capita. Para a década de 50, o crescimento per capita efetivo do Brasil foi de aproximadamente três vezes maior do que o resto da América Latina”.



Aos poucos as promessas de campanha iam se cumprindo, coisa raríssima na política brasileira. Uma das promessas se tornou a meta-síntese do governo: a nova capital, Brasília, a iniciativa mais criticada, e que consolidava idéia de transferência da capital do país já consignada na Constituição de 1981, e que brotou como um monumento ao futuro num país de Terceiro Mundo. Brasília seria tão incompreendida quanto o presidente JK porque tanto o criador quanto a criação eram adiantados demais para seu tempo.



Na medida em que o Brasil acelerava e se industrializava, em que regiões iam sendo integradas por amplo sistema rodoviário, em que uma série de realizações importantes iam tomando corpo e Brasília surgindo, a sociedade também reagia demonstrando extraordinária vitalidade na literatura, na música, nas artes plásticas, no teatro, no cinema. Ao som da bossa nova fluíam os anos dourados.



Naturalmente toda essa efervescência não poderia modificar, como num passe de mágica, a essência da sociedade. Junto ao desenvolvimento havia também a corrupção e o favoritismo político. Apesar de serem mazelas antigas, para alguns isso tinha origem no que chamavam de projetos faraônicos do presidente, especialmente Brasília. Mas JK era um hábil esgrimista de conflitos, o que lhe valeu estabilidade política do governo e êxito econômico. Aos trabalhadores ele deu aumentos salariais. Aos militares, aumentos e modernos equipamentos. No Congresso era apoiado pelo PSD e pelo PTB, o que lhe dava maioria. Com os governadores mantinha bom relacionamento. Quanto à Igreja, esta se alinhou ao projeto modernizador de Juscelino e celebrou um pacto com o Estado.



JK morreu em 22 de agosto de 1976 em acidente automobilístico. Ao som do “Peixe Vivo” o povo o enterrou como se fosse sua última seresta, e a cidade que ele fizera nascer, a arrojada Brasília, o recolheu em suas entranhas de terra como se deita em berço um filho muito amado.



Impossível num pequeno artigo abranger todo o governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira, suas dificuldades, suas conquistas, sua trajetória política, mas o que se pode dizer é que seu nome ficou para sempre gravado na história do desenvolvimento do Brasil. E como afirmou o historiador Francisco Iglesias, meu saudoso professor da UFMG, “nunca um chefe marcara o país com tamanha lista de realizações, despertando o otimismo e instaurando a quase plenitude democrática pelo exercício incontestável da tolerância”.





(*) Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga e professora universitária.











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