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Artigos-->O Choro do gado - Napoleão Tavares Neves -- 18/02/2006 - 20:48 (m.s.cardoso xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


O Choro do Gado

Napoleão Tavares Neves*



O gado descia mansamente no rumo do sertão

O trovão reboava no nascente como marco incontestável do limite entre a seca que findava e a quadra chuvosa que já se prenunciava.

O gado tinha secado do capim mimoso dos sertões, enfatiado com o capim agreste da chapada do Araripe onde passara toda a seca.

Eram 200 300 reses tangidas por 4 vaqueiros,meu pai na guia e eu no coice do gado.

A musica dos bois era anota marcante daquela alegre tarefa.tudo era alegria!

De repente,no lambedouro do Auto do mulungá,um touro mestiço do pescoço grosso,cioso da sua liderança naquele rebanho,parou,deu um urro muito forte e retorcia as moitas com os chifres,dando saltos inopinados.todo o resto do rebanho aproximava-se do touro e o repetia em lãnguidos berros cheirando o chão!todos paramos instintivamente,como autômatos.

O vaqueiro Zé Felix,muito místico,tirou o seu chapéu de couro e o colocou no peito em reverência àquela inusitada cena como igual jamais vi na vida!

Em seguida,o touro mestiço retomou a guia do rebanho e continuou a caminhada.fomos verificar a causa daquela tocante cena.Era a ossada ainda verde e recente de uma rês que morreu naquela lambedouro onde as reses sempre iam ao cair da tarde em procura do sal da terra para satisfazerem a sua carência de sal.Dali pra frente os aboios diminuíram de intensidade,Esquece-la,jamais e eu tinha 12 anos de idade e era aprendiz de vaqueiro.O tempo inexorável,vai se acumulando sobre mim,mas aquela bocólica cena fica cada vez mais viva na minha saudosa sensibilidade.nunca vi humanos chorarem tão intensamente os seus mortos.A natureza tem os seus mistérios!

(*) o autor é médico cearense, de Jardim-Ce, radicado em Barbalha-Ce; escritor e cidadão atuante; Autor de vários livros. Pertence a diversos institutos culturais do Ceará.

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