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Artigos-->A. B. C. DA VENDA -- 16/02/2006 - 12:54 (Orlando Batista dos Santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O A. B. C. da Venda, canto recolhido por Alfredo do Vale Cabral no final do Século XIX na Bahia, é uma sátira do povo (do escravo, muito provavelmente) à sociedade da época. O canto, por sua estrutura, sugere um batuque. Fica evidente a manifestação da “raia miúda” zombando das “pessoas de bem”, cujas mazelas não escapam à critica popular. Curiosamente o “i” e o “u” não fazem parte desse abecedário, enquanto que o “s” ressurge na última estrofe para encerrar o canto. Também na última estrofe aparece o “til”, e parece denunciar a existência de uma categoria de pessoas excluídas, sem direito a usufruir da venda; leia-se aí, da vida.



A. B. C. DA VENDA



As gentes que vimos

De todas as classes:

Entram com disfarces

Na venda.



Beatas também,

Sempre confessadas,

Vão dar embigadas

Na venda.



Caixeiros e amos

Por contas erradas,

Jogam às murradas

Na venda.



Doutores de banca,

E outros “charás”

Formam “provarás”

Na venda.



Escrivães e escreventes

Com seus ajudantes

São firmes, constantes

Na venda.



Frades infinitos

E moços donatos,

Alimpam sapatos

Na venda.



Ganhadores sós

Não podem beber

O que há a vender

Na venda.



Homens e mulheres

Velhos e meninos

Repicam os sinos

Na venda.



Jaquetas, casacas,

Timões e capotes

Só não bebem em potes

Na venda.



Lacaios, marujos,

Sem escapar um,

Vão beber o “bumbum”

Na venda.



Meleiros chapados,

São os sujeitinhos

Que beijam os bentinhos

Na venda.



Não fiquem de parte

Os procuradores,

Que também fazem favores

Na venda.



Oradores vimos

Que finda a função

Repetem o sermão

Na venda.



Piratas e clérigos,

Frades minoristas,

Também são coristas

Na venda.



Quartéis e conventos

Lojas, escritórios,

Têm seus purgatórios

Na venda.



Roceiros, feitores

E tudo dos matos,

São mais do que ratos

Na venda.



Soldados então,

Só levam a fama:

Todos fazem lama

Na venda.



Tolos e sabidos

Té os inocentes

Nascem-lhes os dentes

Na venda.



Viúvos, casados,

Solteiros e tudo:

Ninguém fica mudo

Na venda.



Xixi b.u.a.

Que afeta de sério

Também fica ébrio

Na venda.



Zumbi, lobisomem

E outros fadários

Of’recem rosários

Na venda.



Só o pobre “til”

Por ser pequenino,

Fica num cantinho

Na venda.

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Para conferir: Alfredo do Vale Cabral, Achegas ao estudo do Folclore Brasileiro - José Calasans Brandão da Silva (Org.) – MEC-DAC-FUNARTE- Companhia de defesa do Folclore Brasileiro, 1978.

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ACESSE:

http://caipiraliteral.com.br

http://culturacaipira.uniblog.com.br

http://orlandobatista.uniblog.com.br





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