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Artigos-->Carta de N.C. Melmot -- 30/01/2006 - 19:50 (Paulo Milhomens) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




"Carta reprovatória de N.C. Melmot”.



Cartagena das Índias, 2004.







Durante muito tempo, eu acreditei na mudança. Havia um sonho juvenil de que um novo tempo chegaria. Então sonhamos. Ainda sob um ímpeto movido pelas ONG’s, Movimentos Sociais e pelo discurso de uma esquerda no poder, mudaríamos o mundo ( pelo menos um pedacinho de nossos sonhos ). É muito difícil para todos nós a contaminação das idéias – elas são movidas por interesses econômicos, é burrice achar que as coisas acontecem de forma diferente. A ideologia de uma causa, seja uma partido, uma corrente de mudança, um fator igualitário, tudo, no fundo, talvez seja uma grande ilusão. Não sejamos tão imaturos politicamente para não vermos o que está acontecendo em nosso redor. As raposas grandes sempre estiveram nos melhores galinheiros – tomam conta de forma exemplar.







“Somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter...” Mas tenha dinheiro meu caro. Esse discurso absurdo e hipócrita de defender uma causa filantrópica tornou-se uma piada. Ser inteligente, significa não ter chances. Sua indicação política vale mais do que seus títulos, diplomas e currículo. “Somos quem podemos ser com dinheiro”. Nada mais. Assumir sua postura de caráter, pode muitas vezes neutralizá-lo, pois existe toda uma psicologia que foi desenvolvida para torná-lo vulnerável, fisicamente fazê-lo sentir-se como tal. O que é o fundo do poço? A última queda. Não há mais chão para esperar...







A mediocridade foi criada para que os poderosos possam se manter nos locais mais importantes da esfera pública. Quando as circunstâncias permitem, podem torturá-lo das mais variadas formas, até lhe arranjarem um emprego – só tem dignidade quem tem emprego – , mesmo assim, a custa de muita espoliação e sofrimento. Afinal, você não pode chegar lá. Pessoas comprometidas e modestas em sua maioria vão sofrer o quanto acharem que podem. Juntem-se a eles, e tudo ficará bem. Todos os seus desejos e sonhos de consumo serão realizados – festas, glamour, status, sexo em bandejas, bebidas caras, superficialidade ao máximo. Quando se está passando por dificuldades, na primeira oportunidade que houver, não há como resistir. Seu estômago falará mais alto. Aqueles que estiverem ao seu lado, certamente irão desmotivá-lo, pois estão contaminados há mais tempo. Não se trata de uma conjunção de fatores, mas de uma cultura. São 500 anos de Brasil, dificilmente teria outra coisa como referencial. A suposta sanidade da sociedade está embutida nos seus excessos, máscaras, individualidades, na sua ausência de afetividade. Mulheres gritam o anti-machismo, mas a indústria cultural é machista e sexista. Homens entram em crise, pois são arremessados de frente contra uma natureza “máscula” imposta por sua sociedade.







A regra é bem clara: seja igual a todo mundo, do contrário, o mundo é uma penitenciária dentro de outra. Todos adotam comportamentos “X” ou “Y”, cometem suas atrocidades cotidianas e consentimos com o acaso ou, “é assim mesmo, fazer o quê?!”. Prendemos outras pessoas com nossa “sanidade” social.







É aí que reside a imortalidade da Hamlet: “Acabo com tudo? Mergulho na escuridão? Ou enlouqueço aos devaneios da alma?”.







Cada qual faz a sua escolha...











N.C. Melmot



Cartagena das Índias, 2004.



Livro das Decepções, pp-239.



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