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Artigos-->Pesquisas de Opinião -- 27/01/2006 - 21:40 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




ELEIÇÕES E OPINIÃO SOBRE AS PESQUISAS

(Por Domingos Oliveira Medeiros)





Em outubro elas estarão de volta. As eleições para presidente, além de outros governantes e membros do Congresso Nacional. Mas as pesquisas já estão nas ruas. Parece até o carnaval da Bahia: começa bem antes e termina depois do período oficial; junto com o bloco do Bacalhau do Batata, aquele dos garçons, lá de Pernambuco, que sai na quarta-feira de cinzas. Não sei, até agora, qual a utilidade dessas pesquisas. Acredito que nenhuma, pelo menos do ponto de vista político. Talvez, do ponto de vista econômico, algumas empresas estejam ganhando alguns trocados.



A verdade é que as empresas do ramo insistem em dizer que trabalham com a opinião pública. Não com a minha, diga-se de passagem. Nem com a de meus amigos e familiares. Não conheço ninguém de minhas relações que tenha sido consultado a respeito de candidatos e de eleições. E olha que já vivencie um bocado delas. Desconfio até que existem empresas que trabalham a opinião pública; e empresas especializadas em confundir a opinião pública. O fato é que todas, a rigor, têm, em comum, no meu modo de ver, a falta de informações mais consistentes e abrangentes, acerca dos candidatos. E poucas primam pela isenção e honestidade de propósitos; e raras adotam critérios capazes de ajudar o eleitorado no processo de escolha de seus representantes, ou seja, critérios e métodos menos quantitativos e mais qualitativos, vale dizer, mais racionais e menos emocionais.



A escolha dos candidatos que irão, em tese, representar nossos interesses, deveria guardar estreita sintonia com o preceito constitucional, segundo o qual “todo poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido”. Na minha opinião, sobreditas pesquisas não poderiam ser realizadas antes de três meses das eleições. Além, é claro, da obrigatoriedade de acurada fiscalização e análise por parte da Justiça Eleitoral , no sentido de exigir que todos os envolvidos no processo emprestassem maior ênfase aos programas e aos perfis políticos, profissionais e particulares de cada candidato, expondo suas idéias e propósitos acerca das grandes questões nacionais e internacionais que mais de perto interessam ao país.



Elaborar pesquisas a partir de cenários irreais, faltando cerca de dez meses para a realização das eleições, não me parece medida sensata. Até porque, não se sabe quais serão, de fato e de direito, os candidatos que participarão do processo eleitoral. Relacionar nomes de eventuais candidatos, como se fossem cavalos de corrida - numa análise combinatória de interesses matemáticos escusos - não faz o menor sentido. Além de levantar a suspeita de que existe, por trás dessas manobras apressadas, um comportamento tendencioso, seja da parte dos institutos de pesquisas e sondagens, seja por parte de segmentos da mídia, interessados em direcionar o pleito, confundindo e manipulando, de certa forma, a opinião dos eleitores menos avisados.



A realidade é outra. As eleições não acontecem no tempo das pesquisas. Acontecerão daqui a dez meses. E quando elas acontecerem, a única certeza é a de que, naquela data, será feriado nacional. E a maioria dos eleitores já terá decidido em quem votar. Nada mais do que isso. Além, como é sabido, das medidas de praxe: lei seca, proibição de “boca-de-urna” e de prisão na ausência do flagrante. As autoridades bem que poderiam ser mais criativas, estabelecendo condições que agregassem maior interesse e colorido ao pleito.



Um bom exemplo seria incluir, além do voto em branco, o voto amarelo, para os candidatos que mereçam, dos eleitores, um pouco de atenção; o voto vermelho, para aqueles com passado duvidoso; e o voto verde, para os candidatos estreantes, que suscitassem algum resquício de novas esperanças em prol do Brasil e dos brasileiros. Deveria-se, ainda, aprimorar o questionário de pesquisas, inserindo outras opções de respostas à clássica indagação: “Em quem você votaria se a eleição fosse hoje?”. Além das opções “não souberam” e “não quiseram ou não responderam”, incluir a alternativa “não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe”.



Claro que tudo isso não passa de brincadeira! Apenas um recurso para que possamos refletir sobre o assunto. Na verdade, deveria ser extinto, ou aprimorado, o tal dos cenários. Cada pesquisa deveria incluir, tão-somente, a relação oficial dos candidatos que efetivamente irão participar do pleito. Nada de hipóteses e especulações maldosas e interesseiras. Nada de antecipar sondagens. Nada de comparar laranja com banana. Perde-se tempo, confunde-se o eleitorado; e, o que pior, ninguém fica sabendo sobre idéias, programas e o que, de fato, diferencia um candidato do outro.



Precisamos acabar, de vez, com a inadequada utilização da valiosa ferramenta de marketing pelos institutos de pesquisas de opinião. Que adotam, no mais das vezes, tratamento análogo ao que é dispensado a um produto lançado no mercado, apelando para o recurso da bonita embalagem - que muito lembra a história do pão bolorento, bonito por fora e podre por dentro - sem discorrer sobre sua origem, composição, qualidade, utilidade, garantias, e, principalmente, custos de toda ordem.



Finalmente, a qualidade das sondagens ajudaria muito ao processo eleitoral se as pesquisas passassem a incluir a opinião dos candidatos sobre questões relevantes para o país e para a população, bem como sua correlação com o ideário dos respectivos partidos, notadamente no que diz respeito às questões: política econômica, endividamento público e privado, geração de empregos , distribuição e desconcentração de renda, impostos e tarifas, juros, sistema financeiro, política industrial, infra-estrutura de transportes, matriz energética, educação e cultura, saúde, saneamento básico, habitação, segurança pública, meio ambiente e outros.



A par de tudo isso, o debate político deveria ser obrigatório. O que não podemos, nem devemos, é continuar a eleger nomes ou pessoas pela sua aparência, simpatia, cor do terno, da gravata ou sapato, como se estivéssemos comprando um produto ou contratando um serviço sem qualquer utilidade prática, apenas porque fomos induzidos ao consumo compulsivo, sob o efeito da propaganda enganosa. O que, evidentemente, não nos dá a certeza de que aquele produto (ou serviço) apresente qualquer utilidade; ou garantia de troca, com devolução do dinheiro ( ou do voto) , no caso de defeito de fábrica e/ou por desgaste precoce.





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