Brigada Preto Azulado
Por tua bênção festeira
Teu carinho tua graça
E teu tom de brincadeira
Tua escrita é uma finura
Tem engenho e belezura
E no estilo é verdadeira
Cordelistas indecentes
Talvez sejam os que fazem
Seus versos com rima torta
Só falando sacanagem
Mas na escrita meu Padrim
Tudo que ocorre é assim
Mal-entendido e miragem
Às vezes dizemos “arte”
Na intenção de artimanha
O menino entende bem
E sorri cheio de manha
Mas se a arte é “criação”
De um feito em construção
A criancinha já estranha
Meu Preto tu num tem nada
Que se indispor co’essa gente
Teus versos têm a riqueza
E tal beleza indigentes
São tão claros e perfeitos
Que neles até os defeitos
Passam a ser inteligentes
Por isso Zé Limeirinha
Faz esse verso arretado
Vai ajustando a semântica
Ao tom do palavreado
Faz um cordel propedêutico
Que dou um toque hermenêutico
E o cabra fica pirado!
Teu saber já é de berço
Meu bom Pretinho azulado
Num encontrei o tal cordel
Do cabra desaforado
Deve ser um Zé Ninguém
Pois te chamou lá do além
Pra te deixá estrupiado!
Padrim Limeirinha Santo
Sonhei com tu no arado
Dos campos verdes do Céu
Corrias desembestado
Era um campo tão imenso
Que agora acordada penso
Se era o céu ou o “outro lado”