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Artigos-->O TEMPO QUE VIVEMOS -- 01/01/2006 - 00:23 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O TEMPO QUE VIVEMOS



Francisco Miguel de Moura*



Tudo muda. De ano para ano aparecem novidades em novos tratamentos e novos medicamentos, mas também o aparecimento de outros males desconhecidos. Novas religiões, novos credos, novas superstições, novas correntes filosóficas. Para os jovens, as mudanças são mais rápidas ainda. Do disco de cera passamos logo para o LP, daí para o CD e finalmente o DVD. Do computador e do celular, as mudanças técnicas e facilitárias são inumeráveis. Tudo fica velho rapidamente e sendo deixado para trás. Enfim, o tempo em que vivemos não é o tempo mais amado. É um tempo de desperdício. Que coisa é o presente? O mundo real passou pela tela da tevê logo de manhã. No momento seguinte tudo foi esquecido e apagado. Enquanto isto, o nosso tempo interno é vivido em sofreguidão, sem espaço sequer para meditar. E à noite vai enterrada no nosso inconsciente. Tudo se esfuma na poeira dos dias.

O tempo passa e é bom que passe, sem o que não existiriam as saudades que ficam do passado. Quantas saudades às vezes temos de “nada”, no indefinido!? De um lugar que não conhecemos, de uma namorada que foi apenas em sonho? De amigos que se foram para “outra melhor”, de outros que estão espalhados por aí e que ninguém sabe mais se os encontrará? Não falemos da infância, o tempo melhor que vivemos. Há inúmeros outros acontecimentos pessoais marcantes. Há tanta alma na terra onde nascemos! De repente, a música que nos atingiu a sensibilidade, o ouvido, eis que nos consola. Mesmo que seja triste. Acolá uma paisagem tem o condão de nos provocar as mais remotas emoções. Por quê?

Comprimido entre o passado e o futuro, podemos dizer que o presente não existe. Passa, passa e vai passando. Pois não é que já estão falando até numa “nanotecnologia”, que vai alterar os hábitos de beleza, alimentação, roupas e até os procedimentos médicos e formas de tratar dos males físicos, das doenças incuráveis? Amanhã essa nova tecnologia é derrubada ou substituída por outra.

O futuro é aquilo nos trás sempre esperanças. Esperança de melhoria do estado de saúde, mesmo para os doentes desenganados. Estes, se nunca tiveram alguma esperança, começam a ter. Esperanças vivas de uma outra vida melhor, onde possa existir ou sobreviver o espírito. Há também os que são saudáveis, mas desejam mais: uma sobrevivência digna, amor, riqueza e até certo poder de mando. Os que vivem cercados por inimigos têm esperança de que um dia se possam livrar deles, eliminando-os, ou distanciando-se o mais possível. Neste capítulo “inimigo”, acreditamos que isto já seja um progresso: não vê-los diante dos olhos. Mas não é tudo. Que intimamente e sem esperar pedido de perdão, façamos os nossos atos de humildade e os perdoemos. E, se formos nós os culpados, que lhes peçamos o nosso perdão. Nem precisa que seja pessoalmente. Contanto que seja de coração. No futuro está toda a nossa salvação. Ou quase toda.

A parte sentimental, como foi apontada, fica com as lembranças, as saudades, as recordações. Se o tempo não passasse, seríamos seres insensíveis como pedra. Sem alma. Sem mistérios. Sem amor.

Foi, talvez, com a intuição disto que o poeta Manuel Bandeira (1886-1968) escreveu em “Preparação para a morte”:“A vida é um milagre. /Cada flor, / Com sua forma, sua cor, seu aroma, /Cada flor é um milagre. / Cada pássaro, / Com sua plumagem, seu vôo, seu canto, / Cada pássaro é um milagre. / O espaço, infinito, / O espaço é um milagre. / O tempo, infinito, / O tempo é um milagre. / A memória é um milagre. / Tudo é milagre. / Tudo, menos a morte. – Bendita a morte que é o fim de todos os milagres.”

– Mas, e o tédio da vida, a solidão sem fundo? “E a ira muda? E o asco mudo? E o desespero mudo? / E as confissões de amor que morrem na garganta?” dos versos de Olavo Bilac (1865-1918)? Bendita a morte que é o fim daqueles milagres bons e desses outros tão indesejáveis.





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*Francisco Miguel de Moura, escritor, mora em Teresina. E-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br







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