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Artigos-->A Orla de Salvador -- 31/12/2005 - 12:42 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Orla de Salvador







Onde morou Lênio Braga, o grande artista plástico paranaense que viveu entre nós, um amigo querido que me foi apresentado por Alfredo Milton Villa-Flor Santos, ali onde ele morou, repito, uma construção de dois andares incrustada no morro quase sem vegetação, em Ondina, bem à frente da enseada, onde tantas vezes tomei banho de mar com Lima, hoje é uma ruína!

Pouco antes, no trecho entre o Largo da Mariquita e a Fonte do Boi, e que precisa ser alargado, como se fez no passado com o Caqüende, existem várias modestas moldurarias, em casas nem sempre bem adaptadas, uma rua que lembra desmazeladas cidades do interior.

Logo depois, um pouco antes da subida para o Morro da Paciência, existem dois terrenos baldios.

E mais à frente vem Amaralina, uma das mais belas praias da cidade, que tanto freqüentei durante a mocidade e que pouca gente conhece, turistas inclusive.

Em frente ao quartel do exército, hoje transformado em Centro Social, uma praça abandonada e, do outro lado, depósito de bebidas e biroscas.

À frente, antes do quiosque das baianas, mais terrenos baldios, borracharia, pequenos prédios de apartamentos carcomidos pelo salitre, lojas que vendem pedras e mármore, tudo muito feio.

E eis a praia da Pituba, provavelmente o maior bairro de classe média da Bahia, seguido do Costa Azul, do Jardim de Alá e do Chega Nêgo, onde se pescava o xaréu.

Poderia ser um outro cartão postal, como o Farol da Barra, não fosse o estado precário do casario, vários terrenos abandonados, alguns nem murados, ao lado de um hotel sem estrelas, uns poucos “flats” de quatro pavimentos, da loja da Perini e da Casa do Moscoso, uma ruína, que foi lugar de veraneio.

Nem é preciso prestar atenção pois logo ali, construído sobre as areias da praia, está o Clube Português, abandonado pelo poder público que o tomou dos sócios e o entregou a algumas famílias do Movimento dos Sem Tetos, um emblema da inépcia governamental.

Bem mais adiante, no correr do Boi Preto, casebres, construções de dois pavimentos, pequenas lojas e alguns bares e restaurantes.

A gente podia continuar esse passeio, tanto voltando à Cidade Baixa até depois do Bahia Marina, para contemplar o que resta dos belos casarões novecentistas, ruínas que servem ao comércio de azulejos e cerâmicas fora de linha, ou continuar até Itapoã, para ver as mesmas mazelas.

Uma coisa é certa, contudo: para onde você olhe o que vê é o mau gosto, o desmazelo, a degradação, seja o casario à esquerda da avenida Octávio Mangabeira, sejam as barracas de praia, essa sujeira nas bordas do mar azul da Bahia que vive pedindo socorro.

Esse é o estado atual de nossa Orla, uma das faixas litorâneas mais extensas e belas que ornam as cidades brasileiras, uma benção da natureza de mais de quarenta quilômetros, entre a Penha e Stela Maris.

Pode parecer melodramática, certamente monótona a descrição acima, mas é impossível não se comover diante de tanta beleza e desperdício.

Ambientalistas e ecologistas, arquitetos, urbanistas e paisagistas, líderes comunitários e os mesmos militantes de esquerda que são do contra, e ainda políticos de todos os matizes, com distintos interesses, todos estão unidos para perpetuar essa forma de deterioração de nossa Orla, impedindo que se aprove uma legislação apropriada e que se façam intervenções nos espaços públicos.

Como deverá ser essa legislação eu não sei, sou apenas um munícipe que paga seus impostos e se rói de indignação com esse estado de coisas! Mas, com certeza, terá que ser bem diferente da que define as atuais posturas e gabaritos.

Mas, uma coisa eu sei: é preciso construir parques, calçadões, equipamentos de lazer, de diversão, esportivos, bares, restaurantes, barracas que valorizem a higiene, como se fez, por exemplo, em Fortaleza, Maceió e Aracajú.

Um grande trecho onde se poderia implantar o primeiro projeto dessa natureza vai do fim da Pituba, pouco antes do Clube Português, que seria derrubado, até o antigo aeroclube, que seria desapropriado ou retomado pela prefeitura, uma extensão de uns cinco quilômetros!

E dinheiro para realizar essa obra, perguntariam os céticos, ou adversários da idéia?

Neste país, dinheiro não é problema para quem tem um projeto bem elaborado, que visa o benefício da população e da cidade!

Aí estão os organismos internacionais, a exemplo do BID, o BNDES, o Ministério das Cidades dispostos a financiar esse tipo de empreendimento.

Aliás, o governo da Bahia sabe muito bem disso, ele que tem obtido milhões e milhões de dólares para os projetos do Bahia Azul e do Ribeira Azul há mais de dez anos.

O que falta mesmo é competência, coragem e determinação!

Salvador, 31 de dezembro de 2005





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