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Artigos-->A padaria do Dirceu -- 30/12/2005 - 15:18 (Athos Ronaldo Miralha da Cunha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




A padaria do Dirceu

Athos Ronaldo Miralha da Cunha



Dirceu era um simples e dedicado trabalhador.

Um interiorano que, na capital, ganhava a vida como padeiro. Oficio que aprendera com seu pai. Desde pequeno o menino Dirceu gostava de ver aquela cuba de massas que o velho preparava todas as noites. E o velho dizia para o atento filho. – Um dia você vai aprender a manipular as massas. E será um grande padeiro.

Dirceu não entendia bem o que era manipular, mas adorava aquela palavra.



E Dirceu seguiu na profissão de seu pai. Trabalhava de madrugada. Seu expediente começava às 3 da manhã. Tinha ciência que havia nascido para o trabalho e de que pouco iria adquirir em sua vida. Mas não era uma pessoa conformada. Era um trabalhador consciente. Dirceu era um vencedor.



Por um bom tempo comprei pães na padaria que Dirceu trabalhava. Não era localizada no centro, mas também não estava localizada nos extremos da cidade. Tinha uma excelente freguesia porque Dirceu oferecia sonhos e seus sonhos eram maravilhosos. Os mais genuínos sonhos da cidade e da região.

Na padaria do Dirceu na havia cuecas-viradas e, sim, cuecas recheadas. Esse recheio era um segredo de família. Fazia com uma compilação de verduras, era um recheio com “verdinhas” selecionadas. Como Dirceu sempre dizia.



Muitos colegas e amigos, ao término do expediente, adquiriam condimentos para o lanche na padaria do Dirceu. Queijos, presuntos, marmeladas; a padaria do Dirceu era sortida. Além do mais Dirceu era um bom papo. Uma pessoa bem informada e politizada.

- Como está esse camarada que manipula as massas na calada das noites? – Dirceu apenas sorria.

Dirceu trabalhava, também, à tarde para ganhar um extra, pois a grana sempre estava curta e escassa. Dirceu era simpático e prestativo.



Passado algum tempo a padaria que Dirceu trabalhava trocou de nome.

Dirigi-me ao estabelecimento, saboreando antecipadamente os saborosos sonhos de Dirceu. Chegando lá percebi que o amigo estava no caixa. Contou-me que era sócio majoritário do empreendimento e que tinha um horário mais folgado. Mas continuava o mesmo. O velho Dirceu de guerra. E estava mesmo, brincalhão, simpático e prestativo.

Dirceu trabalhava no caixa e tinha jeito com a maquina registradora. – E aí, Dirceu, agora tu estás manipulando a máquina? – Dirceu sorria.



Então pedi os meus sonhos. Eu queria comprar os mesmos sonhos de antes. Os sonhos antigos.

- Amigo. Nessa padaria não vendemos sonhos. Apenas cacetinhos. Cacetinhos para todo mundo. E, às vezes, massas folheada. Mas essa massa não é mais a mesma.

Essa foi uma triste notícia. E Dirceu perdeu alguns fregueses.



Tempos depois encontro o Dirceu pelo Calçadão, estava meio acabrunhado. Contou-me que seu funcionário de confiança, o Waldemar, havia dado um calote na padaria. E Dirceu fechou o seu empreendimento.



Consta que, atualmente, Dirceu trabalha de atendente em um café no centro da cidade. E voltou a sorrir e continua o velho Dirceu de guerra. Não manipula mais a máquina e nem as massas, mas sonha em montar nos próximos dez anos a sua padaria.

Mas enquanto isso Dirceu atende os fregueses do café com simpatia e dedicação. E, claro, com o seu indefectível sorriso.





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