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Artigos-->E se João Durval vencer as eleições? -- 29/12/2005 - 11:37 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
E se João Durval vencer as eleições?





Quando eu era rapaz, muitos e muitos anos atrás, contava-se uma historinha que revelava o baixo astral do brasileiro.

A peta dizia que, como represália a desrespeito à nossa soberania, o Brasil declarara guerra aos Estados Unidos. A grande preocupação nacional era com a hipótese de vencermos a guerra. O que iríamos fazer? Como ocupar e administrar aquele grande país?

O recurso a essa piada vem a propósito da candidatura de João Durval Carneiro a governador da Bahia, nas próximas eleições, divulgada na imprensa pelo partido que o convidou.

E se ele ganhar as eleições o que será de nós, de nosso Estado?

Sem pretender ser cruel ou desrespeitoso com o sr. João Durval, um homem bom, atencioso, incapaz da malícia e do deboche, que não agride os adversários, não há como deixar de considerar que ele foi um dos piores governantes contemporâneos de nosso Estado, possivelmente ao lado de Waldir Pires, que renunciou por motivos nunca suficientemente explicados depois de uma retumbante vitória eleitoral.

O grande trunfo do governo João Durval, que ele explora em todas as oportunidades, como no caso das declarações que fez agora, consiste no aumento de salários que ele concedeu aos servidores públicos. Nada a ver com aumento de produtividade, melhoria no atendimento, racionalização de serviços e coisas do gênero. Pura e simplesmente elevação dos ordenados dos funcionários. Na década de oitenta essa prática demagógica era fácil e apenas significava menos dinheiro para despesas em setores prioritários e investimentos públicos. Não existia ainda a lei de responsabilidade fiscal que limita a generosidade governamental com benesses dessa natureza.

A eficiência da máquina pública não está ligada aos salários dos servidores, como de resto também ocorre na empresa privada. O que determina o nível de desempenho e produtividade e pode ter relação com a remuneração dos empregados é a qualificação deles, sua permanente reciclagem, um sistema de carreira justo e motivação adequada.

Nada disso deve ter sido preocupação do governador, tanto que ele não menciona o fato em seus pronunciamentos.

A eleição de João Durval Carneiro para o governo da Bahia, como se lembram todos, ocorreu depois que um acidente aéreo ceifou a vida do então candidato Cleriston Andrade. A comoção que se seguiu ao dramático episódio e o desmedido empenho do líder político do PFL determinaram o resultado do pleito.

Verdade é que consta que o chefe havia dito que naquele momento elegeria até um poste!

Não é demais recordar que foi graças à fragilidade de seu governo, ao fracasso administrativo que a oposição se uniu e conseguiu obter o maior êxito eleitoral da Bahia, com uma vitória de mais de um milhão de votos sobre o candidato oficial, um homem do calibre de Josaphat Marinho.

Confrontado com esse desempenho, o governador João Durval Carneiro declarou que não se considerava o perdedor, já que não era ele quem mandava no governo, mas o seu mentor, frase que um homem de brios não pode pronunciar, o que lhe valeu uma resposta irônica e contundente:

- Isso é uma ingratidão com Dona Ieda, disse o chefe do PFL.

Quando morei no Recife, durante oito anos, frequentemente ia às reuniões mensais do Conselho Deliberativo da SUDENE, da qual participavam os governadores nordestinos e representantes de ministérios. Esse privilegiado fórum político regional era o palco para que muitos governadores apresentassem suas críticas e reivindicações, além de defender os projetos de interesse de seus respectivos estados.

Muitas e muitas vezes assisti o governador da Bahia empenhar-se para a aprovação dos grandes projetos que deram nova feição à nossa terra e envolver-se em escaramuças com ministros e altos funcionários federais para fazer valer nossos direitos.

O que sei, por ouvir dizer, é que no governo João Durval ele fez pouquíssimas aparições na SUDENE, aprisionado por timidez que o resguarda de embates oratórios. O secretário de Indústria e Comércio é quem representava a Bahia nessas reuniões.

Os administradores de instituições financeiras e de fundos de pensão estão sujeitos às penas da lei do “colarinho branco”, que vão desde a indisponibilidade e aresto de bens, à prisão, passando pela inabilitação para exercício de funções de direção superior em empresas do mercado bancário e de previdência complementar, em decorrência de gestão fraudulenta, decisões temerárias ou desrespeito às boas práticas bancárias.

Não é necessário ser desonesto para cair nas malhas dessa legislação. Medidas de ordem administrativa da parte do Banco Central e da Secretaria de Previdência Complementar podem resultar no estabelecimento de sanções contra atos considerados lesivos aos interesses de clientes e terceiros.

Trago isso à baila para lamentar que prefeitos e governadores despreparados para o exercício desses cargos cujas gestões se constituam prova de sua incapacidade, não possam ser declarados inabilitados para voltar a ocupar tais funções.

Acho que só teríamos a ganhar com isso!



Salvador, 27 de dezembro de 2005

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