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Artigos-->Abrigo no deserto-andré luiz aquino -- 24/12/2005 - 17:36 (m.s.cardoso xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Abrigo no deserto



Quando tinha oito anos de idade entendi pela primeira vez quem era Deus, tinha perdido o que eu mais amava na vida até então, um cachorro que gostava como fosse um dos meus irmãos...engraçado que nos momentos de perda eu sempre fui muito mais gente...quando criança tantas vezes fui como um anjo de asas tortas nas minhas desobediências , na adolescência um menino bandido que queria acabar com a própria vida sem precisar se matar, nem todo suicídio necessita de lâminas, tem outras coisas na vida que cortam muito mais...

Vi, eu vi a morte de perto tantas vezes que hoje já não tenho mais medo dela...minha vida sempre foi marcada pela superação dos meus próprios limites, chorei lágrimas de sangue pelo o que fizeram e por isso até hoje o pior que pode me acontecer é fazer alguém sofrer da mesma maneira.



Fascinado por esportes sempre foi neles que busquei a inspiração para expandir minha alma....tudo que eu fiz na vida no começo fui ridicularizado e com a força de vontade que herdei dos meus pais sempre consegui mostrar para as pessoas que elas estavam erradas...não existe prazer maior do que calar a boca daqueles que te criticam, ver a inveja arder em suas peles e saber que ela não te atinge é uma das maiores glórias possíveis.



No primário chegava todos os dias chorando em casa porque os meninos maiores do que eu me batiam pra valer, fui vitima da crueldade daquelas pessoas e por isso hoje não sei ser cruel com ninguém, no ginásio nas aulas de educação física ninguém me escolhia por ser franzino demais para participar dos times e isso me deixava arrasado, por isso desenvolvi a capacidade de correr com as minhas próprias pernas...



Por onde passei sempre fui o alvo das piadas e de chacotas, sempre agüentava tudo calado, nunca devolvi para essas pessoas nada, porque sabia que as respostas não viriam da minha boca e sim da boca delas mesmas.



Durante uma olimpíada no colégio me inscrevi numa prova de atletismo dos 10 quilômetros, meus adversários olhavam pra mim com o desprezo e o desdém de sempre, no começo da prova aquilo me perturbava, até que na platéia vi meus irmãos e aquilo me encheu de forças, eles torciam muito por mim...acelerei, acelerei minhas pernas curtas e fui passando um a um, eu não vi, mas quem viu diz que eles ficavam surpresos...lembro de ter atingido uma velocidade tal que já não sentia minhas pernas, era como se eu fosse um dos filhos de Ícaro, estava voando...naquele dia meu corpo não conheceu o cansaço e ganhei a prova para a alegria dos meus irmãos, mas continuei correndo, correndo sem parar até a minha casa...foram me buscar lá pra receber a medalha.



Na minha vida adulta continuei a sofrer perseguições, mas nunca quis assumir o papel de vitima, sempre tive a alma maior do que meu corpo e ao longo da vida tive sorte de encontrar pessoas que enxergaram muito bem isso em mim, quem é vidraça nunca tem vontade de ser pedra , por isso desenvolvi habilidades que me fizeram ter destaque de

outras maneiras, o reconhecimento é mais completo quando não precisamos alardeá-lo aos quatro ventos, quem é pleno não precisa humilhar os outros para se sentir melhor, se tem algo que nunca fiz na minha vida foi humilhar alguém perante outros sujeitos...nunca me senti pior do que as outras pessoas e tão pouco melhor do que elas, sempre soube que por ser diferente delas isso me tornava de alguma maneira especial, mesmo que elas não me vissem dessa forma...a vida não é só sobreviver, sou agradecido por tudo o que me aconteceu de bom ou de ruim, sou feito dessas coisas nesse momento.



Já não tenho mais oito anos , mas esse menino ainda vive em mim...peço a Deus que sonde o coração das pessoas em busca de suas feridas, as minhas estão curadas e por isso quero que ele me use como um farol que brilha a noite para guiar os navios perdidos, como uma ponte sobre ás águas turvas dos rios, como a flecha que acerta o alvo e como um abrigo no deserto da vida dos esquecidos.



Andre Luis Aquino



http://andre.aquino12.blog.uol.com.br/



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