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Artigos-->TAPANDO O SOL COM A PENEIRA -- 23/12/2005 - 16:58 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


TAPANDO O SOL COM A PENEIRA

(Por Domingos Oliveira Medeiros)



Em artigo publicado no Jornal de Brasília de 21 de dezembro último, o advogado Paulo Castelo Branco resumiu, com rara propriedade, alguns dos aspectos relevantes acerca do comportamento dúbio de nosso presidente: “Com a participação acintosa das lideranças governistas no Congresso para absolver seus aliados da cassação, o governo se junta aos mais perversos sistemas de cooptação parlamentar de que se tem notícia na política nacional. A vergonhosa declaração de Lula de que poderá levar seus companheiros, acusados de utilização de caixa 2, para os palanques eleitorais demonstra o desprezo com que o presidente trata seus eleitores e os demais brasileiros que acreditaram nas suas intenções”. E mais adiante: “O presidente esquece que o poder só existe quando é exercido com sabedoria e em favor dos cidadãos”. (...) “Nas reuniões reservadas, alguns afirmam não terem se enganado com as limitações políticas e intelectuais de Lula e reconhecem que a vitória dele foi fundamental para o fortalecimento da democracia, com a alternância do poder, mas também constatam o desfazimento da fantasia de que um operário poderia, somente com o discurso, mudar o País”.



Com efeito, e lamentavelmente, o tempo tem se encarregado de mostrar que o articulista está coberto de razões. Nossa esperança, à cada dia, escorre pelos dedos. O medo mudou de lado; passou a ser adversário da esperança. O nosso presidente é exemplo da contradição e da prolixidade. Não fala com clareza. E, não raras vezes, incorre nos mesmos defeitos que atribui aos seus adversários políticos. Tem se valido, em várias ocasiões, da prática do “denuncismo” que tanto condena em relação aos escândalos divulgados pela imprensa e, de certa forma, confirmados pelas CPIs; insiste, o nosso presidente, apesar de mera opinião pessoal, de que nunca ouviu falar do mensalão; mas acredita nos escândalos, desde que eles tenham origem no caixa 2, que ele achou, um dia, prática normal no país que preside; seria como mal menor; uma espécie de droga lícita como o álcool e o cigarro. Por isso, acredita na inocência de seus companheiros de partido. E afirmou que eles não se devem deixar abater, pois cometeram “enganos”, e não são corruptos. E mais: que prefere aguardar o final das investigações, que apóia, para então pronunciar-se a respeito; tudo isso, segundo o presidente, para não cometer injustiças.



Todavia, à cada nova denúncia, apressa-se em defender o acusado. Sem perder a chance de criticar os denunciantes. Ao mesmos tempo, membros de seu partido, que participam das comissões, em vez de ocupar-se em descobrir a verdade dos fatos, preferem assumir a postura de permanente “blindagem” em relação aos acusados; e, sempre que possível, tentam desqualificar as denúncias e os denunciantes, com o argumento falacioso de que tudo não passa de “perseguição” política de seus adversários. E que, parlamentares de outros partidos, anos atrás, usaram dos mesmos erros. Como se um erro justificasse outro. Como se tais procedimentos pudessem minorar os ilícitos praticados nos dias de hoje. Como se a comissão estivesse protegendo este ou aquele partido. Como se o povo fosse ingênuo. O presidente vive tapando o sol com a peneira. Reclama do pouco tempo de que dispõe (quatro anos) para apresentar bons resultados de sua gestão. Como se o tempo pudesse superar as falhas decorrentes da evidente má gestão do atual governo. Que nunca apresentou um programa consistente de curto, médio e longo prazos. Que não conseguiu, até agora, organizar a máquina administrativa, de modo a reduzir custos, propor diretrizes e administrar programas de governo.

Muito ao contrário, o governo optou pelo aumento da carga tributária e tem se dedicado aos interesses dos banqueiros e credores internacionais. Há três anos que fala em milagre do crescimento. Mas o crescimento só tem sido visto nos cofres dos bancos e dos credores internacionais. Por conta das altas taxas de juros, e da subserviência ao capital especulativo. Em detrimento da produção e do enorme passivo social de nossa população. Não há recursos para investimentos. Não há dinheiro para o social. Toda a arrecadação tem rumo certo: superávit primário, acima do acordado, e às custas do sacrifício do povo, para agradar os agiotas internacionais. A “elite” de que o presidente tanto combateu em outros momentos. O exemplo mais atual da falta de investimentos está desenhado nas estradas, em forma de buracos que não nos deixam mentir.



Todos sabemos das péssimas condições em que se encontram nossas estradas. Buraco de todos os tamanhos e para todos os gostos. E o nosso presidente, em vez de procurar solução adequada, resolveu por a culpa nos “governadores” (sem apontar quais) cujos governantes, segundo o presidente, teriam usado os recursos liberados pelo seu antecessor e não fizeram o trabalho de recuperação das vias. Será que todos os buracos e todos os governadores estariam inseridos nesta afirmação? Ou tudo não passa de puro “denuncismo”?



Recentemente, e por conta própria, cidadãos e servidores estaduais e municipais do Estado do Rio de Janeiro, cansados de esperar por ações do governo federal, resolveram tapar os buracos da BR-101 que liga o Rio ao Espírito Santo. E, pasmem, foram impedidos pela Polícia Rodoviária, sob a alegação do Denit de que as estradas, vale dizer, os buracos, pertencem à esfera federal e não poderiam ser tapados sem autorização da União. Pura falta de bom senso. “Poticagem” ou “politicismo”, para usar expressão mais próxima do “denuncismo”.



E o presidente da Câmara dos Deputados, para completar o quadro de “politicagens”, e sem participar das investigações em curso, saiu em defesa do governo. Para ele não existe o tal do “mensalão”; apesar de que o relatório, ainda quer parcial, deixou claro a existência do que se denominou de “mensalão”. Esquema de movimentação financeira operado por Marcos Valério, que repassava vultuosas quantias a parlamentares, sempre que algum projeto importante, de interesse do Executivo, tramitasse pelo Plenário da Câmara dos Deputados. O mesmo acontecia em datas que antecediam a troca de partidos entre os supostos parlamentares beneficiários do esquema financeiro. Por esse e toda a documentação até então analisada, o “valerioduto” não deixa dúvidas quanto à sua existência. No relatório parcial da CPI, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-SC) identificou prováveis abastecedores do “valerioduto” e estabeleceu relação direta entre os repasses e as votações importantes no Congresso.



De outra parte, o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto, que investiga a participação dos fundos de pensão no esquema financeiro acima citado, já evidenciou fortes indícios de que algumas autoridades nomeadas para cargos importantes no Banco do Brasil, estariam envolvidas com as denúncias de que recursos daquela conceituada entidade de crédito teriam sido utilizados para favorecer o esquema e os lucros do senhor Marcos Valério, com recursos orçamentários e, portanto, em prejuízo da sociedade como um todo.



Vale registrar que se me afigura estranho as afirmações do presidente da Câmara dos Deputados, a respeito de um assunto que ele conhece tão pouco, posto que, como qualquer brasileiro, não teve acesso às criteriosas investigações realizadas pelas comissões em curso, acerca dos fatos.



Do mesmo modo, tentar induzir que a próxima eleição seria a disputa do século, se o embate se desse entre Lula e FHC, vale dizer, entre o PT e o PSDB, além de reduzir a importância dos demais eventuais candidatos e partidos, sugere que a disputa fique reduzida à mesmice de sempre. Mesmice, aliás, que interessa aos banqueiros e a chamada !elite”. Posto que o governo de Lula, de certa forma, é a cópia do de FHC. Muito embora, com Serra, no meu entendimento, a coisa mudaria de figura, tendo em vista a independência política do prefeito de São Paulo, o que poderia estragar a festa daquela parcela da população.



Contra fatos não existem argumentos. E a história não mente. A propósito, vale lembrar algumas frases atribuídas ao Lula, antes de ser eleito presidente, colhidas em outro excelente artigo da lavra do jornalista Augusto Nunes, publicado no Jornal do Brasil de 15 de dezembro último: “Apesar de Tiradentes ter morrido pela independência, a nossa independência ainda não chegou aqui porque ficou na conta dos banqueiros internacionais. O governo brasileiro, ele vai ter que escolher: ou ele enche o rabo dos banqueiros de dinheiro do nosso sangue, do nosso suor, e se ele fizer essa opção ele vai levar a classe trabalhadora a continuar passando fome”.



Não é necessário lembrar que no governo Lula os banqueiros e credores internacionais foram os maiores beneficiados. Nunca acumularam tantos lucros e, até o FMI, recebeu, dois anos adiantado, o pagamento de juros devidos. A despeito da enorme dívida social que se acumula neste governo que teve, como sua bandeira principal, o programa Fome Zero, que hoje não mais tremula no ar, empurrado pelos ventos da incompetência e da falta de experiência na condução dos destinos deste país.



O buraco é mais embaixo, todos sabemos. Apenas o governo continua sem saber de nada. Como se nós de nada soubéssemos. Ledo engano apostar na máxima de que o brasileiro tem memória curta.





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