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Artigos-->MAR DE LAMA -- 17/12/2005 - 18:20 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


MAR DE LAMA

(Por Domingos Oliveira Medeiros)



No final da semana passada, quinta-feira, 15 de dezembro deste ano fatídico de 2005, Brasília transformou-se num verdadeiro mar de lama. A tromba d’água superou todas as expectativas. Subiu a rampa do Palácio do Planalto, alagou o Supremo Tribunal Federal e se fez mais forte no Congresso Nacional. O centro do Poder ficou ilhado. Os Três Poderes submersos, diante do espanto e do medo estampados nos rostos dos aqui residentes, e dos que aqui estiveram a passeio ou a negócios.



Coincidência ou não, justo depois da inusitada absolvição do deputado Romeu Queiroz, acusado de quebra decoro parlamentar, pela Comissão de Ética da Câmara dos Deputados, cujo relatório, por doze votos a dois, recomendava sua cassação. Pela primeira vez na história do Parlamento, uma recomendação por maioria dos membros da Comissão de Ética, foi rejeitada pelos congressistas. Poderia? Claro que sim. A manifestação dos senhores deputados é garantida pela liberdade de opinião. Todavia, o fato de o processo ter sido realizado em sigilo, fato que, no meu entendimento, facilita manobras desse tipo e suscita, naturalmente, dúvidas em relação aos procedimentos de Suas Excelências. .



Até porque, e do ponto de vista meramente estatístico, é forçoso suspeitar do resultado favorável ao indiciado, que obteve 250 votos dos 443 deputados que compareceram ao Plenário, verdadeira goleada. Resultado que aponta, segundo alguns de seus pares, para a suspeita de que teria havido acordo entre partidos e parlamentares envolvidos no esquema do “mensalão”, para livrar outros indiciados, também ameaçados de perda dos respectivos mandatos, por acusações semelhantes: receber dinheiro de origem duvidosa, oriundo do chamado valerioduto, com a desculpa de que tais recursos foram utilizados para o pagamento de despesas com campanhas político-partidárias. O que, convenhamos, não elimina o ilícito praticado. Até porque ninguém provou ou apresentou recibos que justificassem os argumentos ora aludidos.. Ficou o dito pelo não dito.



Com efeito, o quorum de 443 deputados, de um total de 513, por si só, já traria motivos de desconfiança, frente à responsabilidade daquela Casa, perante o clamor da população em relação à apuração dos escândalos. Escândalos que denigrem a imagem das instituições e sangram os cofres públicos; em detrimento da ética e da moral, virtudes que devem nortear os procedimentos de nossos representantes. Afinal, está escrito no Texto Maior: “Todo poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido”.



Acresce relevar que a vitória do citado parlamentar, embora possível do ponto de vista estatístico, repito, não poderia (ou, quando menos, seria pouco provável) se dar com tanta largueza, contrariando as recomendações da Comissão de Ética, que decidiu, por ampla maioria, pela cassação do citado parlamentar, com base nas investigações realizadas - e de amplo conhecimento público -, segundo as quais o deputado Romeu teria recebido, por meio de um assessor, R$50 mil da agência; e sacado R$ 350 mil das contas de Marcos Valério junto ao Banco Rural. Vale lembrar que o julgamento dos primeiros cassados, ex-deputados Roberto Jefferson e José Dirceu, se deram, em ambos os casos, com pequena margem de diferença de votos, resultado que se enquadra na série estatística normal, considerando o universo de votantes, as condições e as semelhanças dos fatos aferidos.



Indiferentes aos raios e trovões, às enchentes e ao lamaçal, os senhores deputados deram as costas para a população. Lavaram as mãos sob o anonimato da votação secreta; e comprometeram alguns de seus pares, sabidamente honestos e cumpridores de seus deveres. Toda a Casa ficou sob suspeita.



Resta-nos, agora, o consolo da eleição que se avizinha, para que possamos reparar parte do erro, seguindo o exemplo dos servidores da limpeza e da conservação da Casa: armados de vassouras e rodos do bom senso e da justiça, possamos empurrar para o ralo do esquecimento os políticos que, em tese, desonraram os votos que os elegeram, com atitudes que vão de encontro aos verdadeiros interesses do país e do povo brasileiro; e que, por certo, não inclui atitudes desconexas com a lógica dos fatos. Fatos como os citados e outros do tipo da odiosa e indecorosa convocação extraordinária, ssob o argumento de que os trabalhos de investigação das CPIs não podem parar. Pura hipocrisia, que tem como pano de fundo a reeleição, única matéria que interessa à maioria dos membros daquele Parlamento e, como de resto, de outros integrantes do Executivo e até do Judiciário.



Para finalizar, fiquemos com o último dos inusitados: nossa primeira dama ganhou nacionalidade dupla. Agora, também é cidadã da terra onde tudo começa e termina em pizza. Claro que não existe elo causal entre uma coisa e outra; mas que é engraçado, não tenho dúvidas! Afinal, nós, os brasileiros, somos “Tutti buona gente”. Até quando?





















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