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Cartas-->Carta para quem estuda a Língua Portuguesa -- 24/05/2002 - 16:42 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CARTA-INFORMAÇÃO
para quem se interessa pelo estudo da Língua Portuguesa.
Publica-se aqui um Poema em sistema bilíngue, Mirandês-Português do autor mirandês Fracisco Niebra, com tradução e notas de João Ferreira. A novidade é que o mirandês, antes dialeto, foi em 1999 declarado língua através de lei. Foi feita a convenção de escrita e ensina-se hoje nas escolas de uma micro-região no Nordeste de Portugal. Confira para ver. E participe do debate.


L ANTRUIDO DE LAS PALABRAS

Poema de Fracisco Niebro
Em língua mirandesa (Portugal)


1 Las palabras agárran-se a las cousas i al tiempo
2 Bénen de tan longe cargadas de bida i sentido
3 Que solo se deixan conhecer por música.
4 Screbir ye poner un maçcarilha que las sconde
5 I las deixa a drumir asperando quien las diga

6 Hai palavras culas alas de l sentido cortadas
7 E quando las dezimos nun son capazes de bolar
8 Nien nós las entendemos
9 Porque andamos culhas ne l bolso
10 Como cachico de bida que quedou agarrado a um retrato.

11 Las palabras ténen bilhete d’eidentidade
12 I certidón de nacimiento:
13 Hai que antrar an casa deilhas ua por ua
14 Çcubrir l que tén andrento
15 I stendé-las a la jinela cumo mantas an manhana de San Juan.


O ENTRUDO DAS PALAVRAS

Poema de Fracisco Niebro
Traduzido da língua mirandesa
por João Ferreira
Brasília-DF/Brasil


As palavras agarram-se às coisas e ao tempo
Vêm de tão longe carregadas de vida e de sentido
Que só se deixam conhecer por música.
Escrever é pôr uma máscara que as esconde
E as deixa a dormir esperando quem as diga.

Há palavras com as asas do sentido cortadas
E quando as dizemos não somos capazes de voar
Nem nós as entendemos
Porque andamos com elas no bolso
Como cachico de vida que ficou agarrado ao retrato.

As palavras têm bilhete de identidade
E certidão de nascimento
Há que entrar em casa delas uma por uma
Descobrir o que têm dentro
E estendê-las à janela como mantas em manhã de S. João.

(Do livro “Cebadeiros”, da autoria de Fracisco Niebro. Porto: Campo das Letras, 2002)


NOTA BIOBIBLIOGRÁFICA E LITERÁRIA

1. O POEMA
É um poema sugestivo, bonito, cantante, rítmico e cheio de sentido, originariamente escrito e publicado em língua mirandesa. Seu autor é um bom poeta. No conjunto, esse poema é uma representação do ritmo e da sonoridade do mirandês. Ele dá-nos, em seu conjunto, a dinâmica oralizante de uma nova língua, já reconhecida em Portugal, por decreto... É sempre interessante falarmos de coisas novas. De tão típica, esta língua mirandesa insere-se no contexto da lusofonia.
2.O AUTOR
O autor deste poema é Fracisco Niebro, pseudônimo de “um mirandês de cinqüenta anos”, como ele próprio diz. Como reza a orelha de seu livro Cebadeiro, Niebro exerce hoje as funções de Assistente na Faculdade de Direito de Lisboa. Escreve em mirandês desde 1975. É autor da peça de teatro “Oubreiros i camponeses”, representada em Sendim e transmitida pela Rádio e Televisão Portuguesa. Tem-se envolvido em todas as ações que dizem respeito ao desenvolvimento do estudo do mirandês, desde a Convenção ortográfica da Língua Mirandesa, até ao ensino do mirandês.
Sua obra deve ser louvada. A nós compete aguardar mais volumes e mais obras publicadas e maior desenvolvimento desta antiquíssima língua que aparece agora, além de oralizada, também escrita, lá no Nordeste de Portugal, mais especificamente no distrito de Bragança.
3.CENTROS DE ESTUDOS DA LÍNGUA MIRANDESA EM PORTUGAL
Na Universidade de Lisboa, no Centro de Linguística, há um site sobre a Língua Mirandesa. No mapa do site desse Centro de Linguística sobre a língua mirandesa, pode ver-se a extensão do campo de estudos dos pesquisadores a essa antiquíssima língua que agora renasce com toda a força e com o apoio da própria Universidade. Vale a pena consultar: http://www.mirandes.no.sapo.pt. Entre a documentação você encontra informações sobre a Língua, Literatura e Bibliografia.
Na Faculdade de Letras da Universidade do Porto há um "Centro de Estudos Mirandeses".
João Ferreira
24 de maio de 2002







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