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Infantil-->A MENINA SEM ASAS QUE VOAVA -- 13/12/2001 - 15:02 (Antonio Albino Pereira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
De manhã Aliek, ao acordar, disse a seu pai:
─ Papai, de noite eu voei no meu quarto igual um passarinho. Depois voei no corredor, no banheiro. Depois voltei pro quarto, deitei na cama e dormi.
─ Legal, filha, respondeu o pai, achando graça naquilo que não passava de um sonho da criança.

Numa tarde, após brincar sozinha no quintal, Aliek entrou em casa com uma pipa na mão, dizendo:
─ Papai, eu voei bem alto e peguei a pipa; olha que linda! Era uma pipa enorme, toda azul com rabiola de cor vermelha. O pai de Aliek achou engraçado e saiu, a fim de localizar quem deixou a pipa cair no quintal de sua casa, para devolvê-la. Não viu ninguém e Aliek ficou com ela.

O tempo passou e Aliek sempre contava ao pai alguma história de altura. Ele achava divertido e até incentivava a filha a soltar a imaginação. Ela contava que a bola caiu no telhado, mas ela voou e pegou a bola. Dizia que tinha chegado pertinho dos passarinhos. O pai fingia acreditar e isto fazia com que a criança contasse mais histórias sobre voos.

Certo dia a família passeava no parque da cidade. Aliek, sua mãe, sua irmã e seu pai. Depois de se divertirem em muitos brinquedos, comer cachorro-quente e tomar refrigerante, avistaram um brinquedo diferente. Fantástico! Era um balanço gigante, com mais de cem metros de altura. Cada pessoa sentava-se numa cadeirinha, prendia o cinto de segurança e uma máquina fazia-os balançar bem alto. Aliek e sua irmã ficaram doidas para ir no brinquedo. Era perigoso, mas insistiram tanto que os pais cederam. E lá foram elas, no balanço gigante.

A máquina foi ligada e a geringonça começou a funcionar. Iniciou os movimentos devagar, depois foi, pouco a pouco, aumentando a velocidade. O treco ia cada vez mais veloz e mais alto. As meninas sentiam aquele friozinho na barriga, mas estavam gostando da aventura. Abriam os braços e deixavam o vento bater em seus rostos. Sorriam e soltavam gritinhos. As duas se divertiam à beça.

De repente algo inusitado aconteceu. O cinto que segurava Aliek arrebentou e voou longe. A menina estava no balanço, sem o cinto. Estava solta, nas alturas e em alta velocidade. A multidão, que curtia a novidade, extasiada, de repente se calou. Um silêncio fúnebre. Todos de olhos grudados num único ponto, já prevendo a tragédia. Sem o cinto a criança não se seguraria por muito tempo. O balanço era bem veloz e quando atingisse o cume a coitada seria arremessada ao vento e se espatifaria no chão.

Os pais de Aliek não tiveram nem reação. Ficaram paralisados, olhando para cima. O balanço, em poucos segundos, chegaria no alto e lançaria longe a pobre menina. Longos segundos. O balanço chegou lá no alto, estava esticado. Aliek foi lançada no espaço. Ninguém quis olhar aquela tragédia. Uns se viraram de costas, outros fecharam os olhos. A irmã, que estava noutra cadeira, perto de Aliek, viu tudo, branca de pavor. Depois de alguns segundos todos se voltaram para ver o que tinha sobrado da menina. Ficaram estupefatos. Aliek estava ali, ao lado de seus pais, sã e salva.
─ É milagre, gritaram, se ajoelhando. A mãe de Aliek abraçou-a em prantos, perguntando, desesperada e aos gritos:
─ Como você veio parar aqui, minha filha. Você estava lá em cima e agora está aqui, ao nosso lado. Como isso aconteceu?
─ Eu vim voando, mamãe, disse Aliek, com toda a calma do mundo. Virou-se para seu pai e falou:
─ Papai, não sei por que a mamãe está chorando; você não contou a ela que eu sei voar?


Passado o susto, as duas irmãs brincavam no quintal de casa. Aliek cochichou:
─ Você viu como eu voei?
─ Eu vi, respondeu a irmã. Estou apavorada até agora, mas foi lindo quando você bateu os braços, tão rápido, e desceu perto do papai.
─ Eu sei voar, sussurrou Aliek, mas queria te pedir segredo. Só contei para o papai e vou pedir segredo para ele também. Você promete guardar segredo?
─ Prometo, Aliek, mas só se você pegar aquela manga madurinha lá na grimpa, tá vendo?
─ Só isso? É pra já.

E Aliek voou bem alto, retirou a manga da árvore, guardou-a por dentro da blusa, e desceu suavemente, batendo os braços, como um pássaro.

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