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Artigos-->A EUROPA SEM DINHEIRO -- 07/12/2005 - 16:06 (José J Serpa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A última vez que aqui me ocupei dos problemas europeus, NOVA EUROPA, VELHA EUROPA de 19 de Junho passado, a União Europeia acabava de sair duma crise e de entrar noutra.



A primeira crise foi dramática, fulminante. Numa questão de três dias, os franceses e os holandeses rasgaram e lançaram ao vento do nunca-mais o mais querido tratado da europa dos tratados. O tratado cabal, derradeiro, final. O tratado a que todos os outros tratados iam dar – o Tratado Constitucional.



Non! disseram os franceses a 29 de Maio. Era um berro brutal que sacudia a Europa, acordando-a do sonho mais cor-de-rosa que ela jamais tinha sonhado. Mas como o chinês do ditado que sonhara ser borboleta, e não sabia se era homem que tinha sonhado ser borboleta, ou borboleta que agora sonhava ser homem, não era fácil acreditar naquele non. Talvez fosse um sonho, um pesadelo que logo passasse.



Mas no dia 1 de Junho, três dias depois, os holandeses disseram Nee! e foi o fim.



O tratado estava morto. Aquele nee germânico e nórdico em cima do non românico e mediterrânico acabou por convencer toda a gente de que todo aquele drama se estava passando no mundo do real e não tinha nada de onírico.



O pesadelo era outro. Era e é. A grande crise da UE é o orçamento para o septénio de 2007-2013.



Porque este orçamento, para além de ser um orçamento implica uma redefinição da Europa. Se a proposta inglesa passar, a Europa redefine-se como Mercado Comum. Ou, pelo menos, apanha um empurrão para se reorientar no sentido do mercado. Para se aproximar mais de um modelo neo-liberal, capitalista, slave-se-quem-puder.



E o orçamento para o septénio 2007-2013 é também uma promessa e uma promessa que é preciso cumprir.



Os dez novos membros que aderiram o ano passado, a Eslováquia, a Eslovénia, a Estónia, o Chipre, a Hungria, a Látvia, a Lituânia, Malta, a Polónia e a República Checa, são detentores duma promessa que é preciso cumprir.



Claro que a promessa nunca foi quantificada, mas nem por isso deixa de ser importante para a redefinição que parece estar em processo. A Europa dos Quinze tinha, digamos, dois membros pobres, e nem por isso deixou de ser Europa. Numa cidade rica é fácil incluir dois bairros pobres, mas uma cidade como doze bairros pobres, não é rica. Os dez novos membros têm de se desenvolver, não se lhe pode reduzir a ajuda e esperar que eles se ergam a um nível sócio-económico que lhes permita integrar-se na União.



A proposta orçamental da Inglaterra contempla uma Europa diminuída, inaceitável.



O alargamento de quinze para vinte e cinco tem o seu preço. E tem de ser feito a expensas dos membros ricos, porque não há alternativa. Há um esforço enorme de solidariedade à espera de ser feito. Esse esforço custa dinheiro e quem o tem é a Inglaterra, a França, a Alemanha, a Itália...



O desconto britânico será muito justo para os contribuintes ingleses, o subsídio agrícola será muito importante para os agricultores franceses, mas a Europa tem de funcionar.



O tratado constitucional era importante, claro, mas morreu, ou pelo menos entrou em limbo, e a Europa continuou sem ele, e até aumentou de quinze para vinte o número dos seus membros.



O orçamento é outra coisa. A Europa do futuro há-de ser o que for o orçamento de agora. Só com um bom orçamento, um orçamento generoso, se há-de criar uma Europa sem bairros pobres que a envergonhem e a enfraqueçam.

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