Hércules gabava-se de sua majestade. Não era belo, mas conseguia atrair quase todas as mulheres que queria. Daí, portanto, não ter o menor pudor em destratá-las, quando não mais lhe interessavam. Não tinha limites com os seus desleixos; de caráter pérfido; cobria-se em capa de cordeiro, mas era o impostor em pessoa; incapaz de guardar qualquer bom sentimento.Extremamente vil e sádico, não só com as mulheres, mas também com os amigos. Todos ao seu redor tinham que ser extremamente tolerantes com ele, mas ele nunca percebia isto, tampouco tolerava algo que lhe contrariasse.
Nunca cumpria com sua palavra, mas insistia em dá-la, como se esta valesse alguma coisa, porque ele próprio a descredibilizara. Ainda não tinha se dado conta que o que tinha de melhor em volta de si era o que ele menos prezava, até que um dia Hércules estava em apuros, como sempre, e como sempre foi buscar por aqueles que sempre o apoiavam nos momentos mais críticos, mas não sabia Hércules que eles haviam cansado. Cansado de sua falta de amizade, cansado de suas indiferenças, cansado de só darem e nada receberem... e ele estava só, finalmente.
Decidiu fugir e isolar-se para refletir e percebeu que o mundo não estava em seu umbigo, que as regras dele não interessavam a mais ninguém e nem mesmo a si próprio. Hércules concluiu que o seu poder de sedução era etério, porque tudo que fácil se conquista, pouco se assegura; que o que era verdadeiro não se sustentava com suas mentiras; que o amor de tantos a ele oferecido eram dádivas cuspidas fora.
Hércules sentiu uma dor muito forte, mas, a sua vaidade imensurável não o deixou esmorecer diante da piedade e ele seguiu como sempre: imponente, conquistador e só.
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