BIN LADEN, BUSH E SEATTLE
Francisco Miguel de Moura*
A escala entre o bem e o mal é muito grande, cheia de nuances. Jesus nos disse: “não arranqueis a joio para que, com ele, não vá também o trigo”. O “eixo do mal” é formado pelo Irã, Iraque e Vietnam do Norte, segundo Bush. O fundamentalismo do Bush é tão violento quanto o de Bin Laden. Destruiu o Afeganistão, agora o Iraque. Fundamentalismos e fundamentalistas são aliados pelo petróleo. O irmão mais rico de Osama bin Laden, financiador deste, é também sócio em muitos negócios da família Bush. O Iraque, antiga Babilônia, é um dos maiores produtores de petróleo do mundo. Não importa a história, como se vê, embora lá estivesse situado o Éden, a torre de Babel; que os Reis Magos, Abrão, Isaac, Rebeca, Ezequiel e Pedro fossem de lá ou por lá tenham passado em missão; que guardasse uma das mais importantes bibliotecas do mundo. Na recente guerra, os americanos comandados por Bush, acabaram com o que ainda restava. Se mataram tanta gente, não importa para eles; importa a implantação da democracia, que ainda não conseguiram. Democracia é cultura e esta não se impõe, sedimenta-se. Aonde chegam, os americanos matam a cultura e, como não têm nenhuma, deixam o vazio ou ocupam o vazio. Não é novidade que os internautas espalhem pela internet: – “Quando as garras da águia limparem as terras de Alá haverá paz” (Corão, 9:11). Se assim é, por que não chega a paz tão desejada nem lá nem cá?
É difícil prever qualquer rumo que a história possa seguir. Talvez não continuemos por muito tempo. Por quê? Ora, a Terra já está exausta e precocemente velha, pede ao homem que pare com a poluição. Mais de uma vez disse que os Estados Unidos são o maior poluidor do planeta e nada faz (nem fez) para diminuir o uso de gases destruidores da camada de ozônio. Onde ficou o “Protocolo de Quioto?” Não são os terroristas, são eles, os americanos que apressam a morte da biosfera. Preocupam-se com viagens interplanetárias, para encontrar lugar semelhante à Terra para abrigá-los. Deveriam ter bom senso e pensar melhor, ter amor à Terra, a esta e ao planeta, assim como teve o cacique Seattle em depoimento ao presidente Franklin Pierce, em 1855:
“O homem vermelho sempre temeu o avanço do homem branco... Sabemos que o homem branco não entende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, como um forasteiro que vem à noite e tira da terra tudo o que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, continua simplesmente seu caminho... Trata sua mãe, sua terra, seu irmão, e o céu, como coisas para serem compradas, vendidas como carneiros ou contas coloridas. Seu apetite devorará a terra e deixará somente um deserto... Isto sabemos. Todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo. O que ocorre com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não teceu a trama da vida, ele é meramente um dos seus fios. Tudo o que fizer ao tecido fará a si mesmo”.
Isto sim é que é ser profeta. Parece que estava falando para hoje, para os Estados Unidos não destruírem a Terra, e a cultura onde houver – o Iraque, por exemplo. Bush é o representante maior dessa destruição e não Osama bin Laden.
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*Francisco Miguel de Moura, brasileiro, escritor, mora em Teresina. E-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br
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