MANHÃ SILENCIOSA
J.B.Xavier
Os pingos da chuva escorrem silenciosos pela vidraça,
Como lágrimas dos deuses...
E nessa manhã silenciosa, suspensa no ar,
Uma sinfonia espera por ser escrita...
Há uma música divina por se ouvir,
Uma suavidade ainda por sentir...
Ao piano, passeio pelo teclado, em libertos improvisos,
Dedilho melodias, sopro a vida,
Como a atiçar uma fogueira,
E viajo nesse tapete mágico de sons e sensibilidades...
Na parede pende teu retrato, que há muito pintei...
Nele me sorris,
Contente por me ver feliz...
Mas como te contar dessa saudade
Que carrego há tanto, que busco acalmar nesse teclado?
Como te falar de ausência, de futuros não vividos,
De sonhos fugazes, de inúteis planejamentos?
E como lágrimas, descem os pingos de chuva pela vidraça,
No silêncio dessa manhã ensombrecida...
Onde sequer a música alcança as instâncias de minha dor,
Ou a profundidade desse oceano onde dorme o meu amor...
* * *
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