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Discursos-->PREVISÃO AGROMETEOROLÓGICA DE PRAGAS -- 17/11/2000 - 11:14 (Paccelli José Maracci Zahler) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PREVISÃO AGROMETEOROLÓGICA NO CONTROLE E DOENÇAS E PRAGAS DOS VEGETAIS


Paccelli M. Zahler

Um país em desenvolvimento como o Brasil não pode se dar ao luxo de desperdiçar alimentos, seja para alimentar seus 150 milhões de habitantes, seja para exportação. Infelizmente, é isso o que acontece!
As perdas agrícolas, que podem chegar a 50%, poderiam ser reduzidas com sementes e mudas de boa qualidade, insumos agrícolas, tecnologia, transporte e armazéns adequados e eficientes, mão-de-obra qualificada, planejamento da produção e uma estrutura agrometeorológica que permitisse prever com segurança a ocorrência de pragas e doenças dos vegetais para que o agricultor pudesse aplicar o produto químico específico, no momento certo e na dosagem recomendada para controlá-las.
Atualmente, os agricultores têm se apegado às “pulverizações preventivas”, utilizando, indiscriminadamente, produtos químicos de largo espectro, que acabam eliminando os inimigos naturais das pragas e dos fitopatógenos; aumentam o número de intoxicações dos aplicadores pelo excesso de pulverização e misturas; aumentam a quantidade de resíduos tóxicos nos alimentos, comprometendo sua qualidade e a saúde dos consumidores; e aumentam os custos da produção. Como conseqüência, as feiras e os mercados ficam repletos de produtos de baixa qualidade e duvidoso teor nutritivo, porém, a “peso de ouro”.
Nesse contexto, a agrometeorologia tem um importante papel a cumprir. Através da coleta de dados sobre os fatores climáticos que atuam sobre os organismos, como o vento, a precipitação pluviométrica, a luz, a temperatura e a umidade, conjugando-os com informações sobre a fenologia do cultivo e o ciclo biológico das pragas e fitopatógenos, é possível elaborar um prognóstico de ocorrência de pragas.
Assim, pode-se conceituar a previsão agrometeorológica de doenças e pragas dos vegetais como "a arte de definir, em valores quantitativos e com a maior acuracidade possível, os fatores que limitam o desenvolvimento de um parasita, relacionando-o com os períodos de maior probabilidade de ataque" (J. Palti, sem data), permitindo a tomada de medidas de proteção da lavoura pelo agricultor.
O órgão encarregado da previsão agrometeorológica é a Estação de Aviso (ou Alerta) Fitossanitário, também chamada de Estação de Alerta Agrometeorológico, surgida na França no século passado.
Em 1898, dois fitopatologistas franceses, Louis Etienne Ravaz (1863-1937) e J. Capus, tiveram a idéia de estudar o ciclo biológico do fungo Plasmopara viticola, causador do míldio da videira, e relacioná-lo com fatores climáticos para verificar sob quais condições ambientais ocorria o ataque e, dessa forma, avisar os viticultores, racionalizando e reduzindo o número de aplicações. Inicialmente, seus trabalhos ficaram restritos à região de Bordeaux e Montpellier, porém, em 1912, as estações de alerta já eram uma realidade. Hoje, a França possui uma rede de 16 Estações de Avisos Fitossanitários, cada uma trabalhando sobre uma área média de 35 mil km², estudando e emitindo avisos sobre as principais culturas daquele país.
Baseado no modelo francês, no começo da década de 80, o Ministério da Agricultura deu início ao “Programa de Estações de Avisos Fitossanitários no Brasil”, a cargo do Serviço de Vigilância Fitossanitária da Coordenadoria de Defesa Sanitária Vegetal. Hoje, encontram-se funcionando quatro estações de avisos em Santa Catarina, nos municípios de Fraiburgo, São Joaquim, São José e Urupema, prevendo-se a implantação de mais duas, nos municípios de Ituporanga e Curitibanos. No Paraná, funciona uma estação em Guarapuava e negocia-se a implantação de estações nos municípios de Goioerê e Cruzeiro do Oeste. O Mato Grosso possui uma estação de aviso no município de São José do Rio Claro. Prevê-se a instalação de estações de aviso em Itabuna, BA; Petrolina, PE; e em Inhumas, GO. Todo o trabalho é feito em conjunto com as prefeituras municipais, cooperativas, associações de produtores, empresas públicas e privadas.
Na Bahia, a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira – CEPLAC planeja a instalação de uma rede de Estações de Alerta Agrometeorológico para as doenças do cacau, composta de uma Estação Central e cinco Postos Regionais, interligados por terminais de computadores e auxiliados por satélite.
No Rio Grande do Sul, a EMBRAPA possui Estações de Alerta em Pelotas e em Bento Gonçalves.
Para se elaborar um sistema de previsão agrometeorológica de doenças e pragas é preciso:
a) verificar se o cultivo tem importância econômica e uma ampla distribuição;
b) conhecer a fenologia do cultivo, definindo os estágios suscetíveis ao ataque dos parasitas;
c) dispor de literatura sobre as pragas e doenças do cultivo;
d) verificar a importância econômica dos danos causados à produção pelo parasita, o qual deve ter uma distribuição regional razoavelmente uniforme;
e) conhecer profundamente a biologia e o ciclo evolutivo dos parasitas;
f) conhecer a influência das condições climáticas sobre a evolução das plantas e seus parasitas;
g) dispor de dados meteorológicos precisos;
h) conhecer a eficiência e a duração dos agrotóxicos no meio ambiente;e
i) conhecer e dominar as técnicas de defesa fitossanitária e tê-las à disposição para um controle eficiente e econômico.

Os procedimentos de previsão agrometeorológica irão variar de uma região para outra e seu êxito vai depender da quantidade de dados e da capacidade de fazer o prognóstico das condições climáticas em cada local. Por isso, é necessário manter postos de coleta de dados nas lavouras mais representativas da região e ter uma pequena infra-estrutura laboratorial para a identificação dos parasitas, ou ainda, trabalhar em conjunto com uma instituição de pesquisa, o que seria ideal.
Vê-se, pois, que é um trabalho que envolve a participação dos engenheiros agrônomos, ecólogos, agrometeorologistas, fitopatologistas, entomólogos, fitossanitaristas, extensionistas e produtores rurais em um só objetivo – tirar o máximo proveito da cultura com um mínimo de intervenção no meio ambiente. Tal integração é fundamental para troca de informações e experiências permanente, uma vez que os resultados não surgem da noite para o dia, mas são conseqüência de levantamentos, observações e estudos acumulados no decorrer dos anos.

Referência

PALTI, J. (sem data). Forecasting of diseases and spray warnings for pest and disease outbreaks. Plant Protection Department, Extension Service, USA.

(Palestra proferida no seminário sobre TELEMETRIA E SENSORIAMENTO REMOTO COM APLICAÇÕES EM HIDROLOGIA E METEOROLOGIA, promovido pela COPEL de 3 a 4/08/92, Curitiba, PR, e publicado no livro homônimo às páginas 67-71)
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