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Artigos-->UM PREFÁCIO AO ZÊNITE, DE MOURA LIMA -- 21/11/2005 - 06:05 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UM PREFÁCIO AO “ZÊNITE”



Francisco Miguel de Moura*





Fala-se que não há mais críticos e, portanto, crítica especializada. Sim, claro. Mas creio que “a nova crítica” se levanta. E é feita mais pelos escritores e poetas que pelos críticos profissionais, exceto a crítica universitária, que quase sempre trata de assuntos já batidos, talvez porque tenha medo de enfrentar o novo que há na literatura nacional. Mas os escritores da atualidade se embrenham pelos livros, pela vida e pela forma de criação dos que hoje, coitados, lançam seus trabalhos ao mercado de leitores, tão desamparados desse aparato necessário e faltoso.

Aqui, saudamos, pois, com gosto e reconhecimento, um exemplar dessa “nova crítica”. Vem da experiência e da pena de Moura Lima, autor de dois romances e de três livros de contos, na linha regionalista, um novo regionalismo que contempla não somente a coleta de palavras, expressões, aforismo caboclos, sabedoria acumulada oralmente pela tradição, em histórias que se parecem lendárias de um passado recente e não registrado, mas também a sociologia e a psicologia primitiva desses personagens, uns orgulhosos de suas lutas e crueldades, outros nem tanto cujo valor maior foi terem cooperado apoiando ou guerreando os coronéis da época – e assim colaboraram na criação daqueles mundões caboclos deste imenso Brasil.

O nome de Moura Lima (nome literário de Jorge Lima de Moura) soa alto a partir do Tocantins, inaugurando praticamente a literatura naquele novo Estado, onde tudo do homem estava por fazer. Autor de obras de poesia e teatro quando começou, hoje escreve romances e contos, e é uma excelente vocação de crítico literário, viajado, culto e homem de muitas leituras que vão da nossa à literatura universal. Profissionalmente advogado e fazendeiro, é formado em Letras, realizou obra de excelente qualidade, tendo como tela o seu Estado, haja vista os romances “Serra dos Pilões” e “Chão das Carabinas” e os livros de contos “Veredão” e “Mucunã”. E é dentro desse contexto que apresenta ensaios publicados em jornais e revistas, e outros inéditos, tudo agora reunido sob o título de “ZÊNITE – A LINGUAGEM DOS TRÓPICOS”.

Como já disse noutros lugares, a crítica é uma atividade muito difícil. E se essa atividade é tão difícil, imagine-se fazer a crítica da crítica.

Porém, nestes ensaios que entrega ao leitor, Moura Lima é excelente, e os referidos trabalhos estão em acordo estilístico com o modo de Moura Lima ser, viver e reviver suas experiências, de sentir o que passa pelo mundo e transformar o que sente em arte literária. Gostaria de citar, neste sentido, os ensaios “Pelos Sertões do Piauí” e “Chapada Diamantina, um Paraíso perto do Céu”, por registrarem o modo de ser de viventes que guardam semelhanças com o seu povo de Goiás/Tocantins (esse, então bem caracterizado em todos, especialmente em “Minha Terra, Minha Gente”), nos quais a paisagem se casa perfeitamente com a linguagem ensaística, a forma se transforma numa espécie de ensaio/viagem-por-mundos-extranhos, mas tudo com elegância, nobreza, precisão geográfica, histórica, literária, iconográfica e biográfica. Não obstante haver destacado alguns, em todos os seus trabalhos encontraremos o que viu e sentiu em suas viagens: formações arqueológicas, paisagens, museus, monumentos, bibliotecas, livros, autores e gente cordial disposta a informar e receber informações. Há dois ou três ensaios que diríamos serem quase estritamente literários: o que disserta sobre “Recordação da Casa dos Mortos”, de Dostoievski, de quem é leitor contumaz, e os dois que contemplam a obra dos escritores piauienses William Palha Dias e Francisco Miguel de Moura.

Como acredito que nenhum prefácio deva ser longo, especialmente se se destina a um livro de crítica, para não cair na tentação de explicar demais o que somente a obra pode dizer, fecho esta apresentação apoiado em palavras do filosofo alemão Hegel (1770-1831), que são quase uma máxima: “Quem exagera o argumento prejudica a causa”. E a causa em questão é útil, nobre e oportuna, não pode nem deve ser prejudicada. Os leitores hão de comprovar estas assertivas, com a própria leitura de “ZÊNITE – A LINGUAGEM DOS TRÓPICOS” e não com a minha. Avante, pois, que o escritor Moura Lima é um dos arautos da grande literatura, com desprendimento e paixão.





____________________________

*Francisco Miguel de Moura é poeta, romancista, contista e crítico literário, formado em Letras, com pós-graduação em “Crítica de Arte” pela Universidade Federal da Bahia, em Salvador. Nasceu no Piauí, mora em Teresina, e-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br

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