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Artigos-->FINAL MELANCÓLICO -- 19/11/2005 - 17:09 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


UM FILME COM FINAL MELANCÓLICO

(Por Domingos Oliveira Medeiros)





A propaganda foi muito bem feita. Despertou o interesse de várias pessoas. Afinal de contas, o tema empolga, há tempos, todo o eleitorado brasileiro: corrupção, jogo de intrigas e mistérios. Muitos álibis e muitas mentiras. Traições e até mortes misteriosas. O filme prometia. Os atores: empresários do ramo de publicidade e marketing, parlamentares, servidores públicos de diversos níveis hierárquicos, banqueiros e militantes de partidos políticos, além de coadjuvantes, como donos de restaurantes, agentes de turismo e diversões noturnas, entre outros, faziam parte do cenário e da história que se desenhavam curiosas e fascinantes.



Filme cujo enredo sugeria boa história policial, cheia de mistérios, tramas diabólicas e até malas do tipo 007, com pitadas de humor par os mais exigentes. Atores de primeira linha desfilaram pelas câmaras atentas da Comissão Parlamentar de Inquérito, instalada no Congresso Nacional, onde o filme foi rodado. O ator Delúbio, revelação do ano, reconhecido por toda a imprensa, no papel de tesoureiro do partido político que elegera o atual presidente, deu aulas de como representar em público. Imitou, com extrema perfeição e competência, uma pessoa que mente, com naturalidade, a aponto de confundir a seleta platéia de inquisidores. Foi tão perfeito em sua representação que ficamos, todos, convencidos de que ele, o Delúbio, estava mentindo de verdade.



Marcos Valério, outro personagem do filme, representou o empresário do ramo de publicidade que, com extrema competência, conseguiu envolver bancos e pessoas para repassar volumosas quantias, de origem duvidosa, como pagamento de propinas a parlamentares, para as quais deu a denominação engenhosa de “recursos não contabilizados”. Na verdade, o conhecido “Caixa 2” recurso utilizado largamente em campanhas eleitorais, e que muito político insiste em dizer que nunca ouviu falar.



O resumo da história do filme: um parlamentar, de nome Roberto, desgostoso e desconfiado de um suposto esquema montado no Gabinete Civil da Presidência da República, para incriminá-lo por algo que não teria feito, resolveu denunciar o esquema, que apelidou de “Mensalão”, onde uma quadrilha fornecia dinheiro ilícito para que alguns deputados votassem a favor de matérias de interesse do governo, em troca de vantagens, entre as quais contratos de prestação de serviços milionários superfaturados, que seriam prestados ao governo.



A história, como sempre, começa com a divulgação, pela imprensa, de uma gravação onde um empresário do ramo do jogo do bicho, o ator “Cachoeira”, aparece na fita sendo subordinado por um tal do Waldomiro, que lhe pede propina para ajudar na campanha política de alguns partidos e pessoas. .



Mais tarde, Waldomiro passa a trabalhar no gabinete do presidente eleito e a trama começa a tomar corpo, a partir de outra gravação, tornada pública, na qual um diretor de empresa estatal aparece “embolsando” propina no valor de R$3 mil reais.



O filme tem lances bem interessantes. Grandes volumes de dinheiro, guardados em malas, cruzam os céus do Brasil, sem que ninguém da cúpula do governo soubesse de nada. Nem o experiente setor de investigação do governo conseguiu informações para alertar o presidente acerca daquela movimentação, no mínimo, estranha, já que dinheiro não cai do céu. O presidente, ao seu turno, insistia em afirmar que não sabia de nada.



Mesmo depois de a Polícia Federal prender um militante do partido do presidente, com uma mala cheia de reais de origem duvidosa, além de cem mil dólares enfiados na própria cueca, ninguém acreditava no que, para a platéia que assistia ao filme, parecia óbvio.



O filme possui dinâmica bem acentuada. À cada momento, conforme avançam as investigações, novos mistérios aparecem Tem lances de Notas Fiscais queimadas, reuniões em bares e hotéis que nunca foram bem esclarecidas, cenas em Portugal, e muitos saques em dinheiro vivo, que ninguém, no início das investigações, admitira ter recebido, mas que no final foi devidamente comprovado.



A produção do filme durou exatos 120 dias e as cenas envolveram cerca de 34 reuniões para investigações e inquirição dos envolvidos, ao custo final de R$ 4,7 milhões. Seu final, no entanto, que prometia muitas surpresas, foi lamentável.



Os beneficiários dos R$ 55 milhões de “empréstimos bancários”, tomados pelo empresário Marcos Valério, não foram identificados. Os diretores dos bancos, que fizeram os empréstimos, sem observância da legislação pertinente ao funcionamento das instituições financeiras e a legalidade dos contratos de empréstimos, nem foram lembrados no relatório final do filme.



Atores e co-autores no crime de evasão de divisas e remessa ilegal de recursos de partidos políticos para o exterior, também não foram citados. Do mesmo modo, não foi possível ao público identificar todos os parlamentares que receberam vantagens financeiras ilícitas, apesar das fortes evidências. Uma falha injustificável dos roteiristas e diretores da obra.



No final, o filme ficou descaracterizado. De policial, trágico e real, ficou mais parecido com filme de ficção. Onde seres de outros planetas, anões verdes e de orelhas grandes, tipo marcianos, objetos voadores não identificados, os conhecidos OVNIS, ou grandes dinossauros tomam conta da imaginação das pessoas, confundindo o real e o irreal. Puro entretenimento. Filme para crianças ou para quem detesta a verdade dos fatos. . .



Não gostei do filme. O primeiro filme em que o mocinho é o único a ser cassado. Brasília , capital que emerge como importante centro de importância cinematográfica, como de resto o Brasil, não merecia película com final mais infeliz.











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