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Teses_Monologos-->Avaliação vs Prova - parte 1 -- 10/04/2011 - 23:17 (MARC FORTUNA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Muitos profissionais da Educação confundem avaliação contínua com instrumentos de avaliação, neste caso, a prova escrita. A prova escrita é apenas um dos instrumentos no qual o docente pode avaliar seus alunos, e não o único ou o mais importante dos instrumentos.

Mesmo parecendo muito difícil pela quantidade de alunos e classes que um professor geralmente conduz, é muito importante que a avaliação seja contínua e global; ou seja, o docente deve encontrar recursos para avaliar o desempenho do aluno no seu dia a dia. Não podemos inverter os reais valores da Educação, no que diz respeito à avaliação. A avaliação deve ser um meio para que possamos chegar a nossa finalidade, que é a aprendizagem, e não o contrário.

Muitos colegas de cadeira dizem que a avaliação contínua é algo utópico, que na verdade é um incentivo para que professores dêem notas aos alunos sem critérios específicos. Lamentavelmente existem profissionais que têm essa concepção. Eu lhes pergunto: O professor dá aula de um jeito e avalia de outro? Somente na avaliação o professor consegue reconhecer as dificuldades de seus alunos? Existe um "tempo" para avaliação? Existe um "espaço" para avaliação? Um tempo em que conseguimos verificar se o aluno assimilou o conteúdo? Um espaço próprio onde separamos as carteiras, onde o professor é mais atento, onde o aluno está mais tenso? É essa a avaliação que precisamos? Se acreditarmos que é isso que queremos da avaliação, então estaremos usando-a como instrumento de punição, e não como instrumento de verificação de rendimento com a finalidade de recuperar o conteúdo não assimilado.

Para muitos professores, atualmente, a prova escrita é a única e verdadeira forma de identificar os problemas dos alunos. Mas os problemas e as dúvidas surgem no dia a dia da experiência escolar do educando, por isso temos a necessidade de fazer uma avaliação contínua. Ainda existem professores que identificam menções (como critério da rede pública e privada) com valores numéricos e avaliam o desempenho dos alunos através dos índices de acertos e erros obtidos na prova escrita.

Devemos ter em mente que existem "certos" dentro de várias visões. Como será que o aluno assimilou o conteúdo passado? Será que esse aluno tem a mesma visão que a nossa? Será que ele entendeu a matéria como nós entendemos ou como nós queríamos que ele entendesse? Essas questões geralmente não fazem parte de nossos pensamentos, quando verificamos baixo rendimento em nossos alunos. É mais cômodo acreditar somente na possibilidade de o aluno ter ido mal por não ter prestado atenção ou por falta de "pré-requisitos". Mas, se somos seus professores durante o corrente ano letivo, é nosso dever sanar esse problema de pré-requisitos e fazer uma auto-avaliação sobre o nosso métido de avaliar esse educando. O que realmente queremos dele? O que entendemos por "conteúdo essencial"?

Mais agravante que isso, o valor mercadológico que a avaliação possui atualmente, criou até um vocabulário próprio sobre o assunto. Hoje em dia, o importante são as "notas" que o aluno "tira", e não o conhecimento que o aluno adquire. O professor "dá" as "notas", o aluno faz a "prova", os pais "cobram" dos filhos menções altas. O "boletim" deve estar condizente com a "targeta" e os "registros" do "diário de classe". Esse valor mercadológico fez com que o conhecimento agora tivesse uma importância material, concreta. O professor dá, o aluno tira ou ganha, o pai cobra e todo o conhecimento é registrado em diversos papéis. Tudo isso é discutido e cobrado. Mas alguém se preocupa em como fazer para melhorar o aprendizado do aluno? Ou a forma ideal para acompanhar o desenvolvimento socio-cultural desse jovem? Nossa responsabilidade enquanto educadores é muito maior do que apenas registrar o conhecimento no papel. Somos responsáveis pela formação desses jovens, na concretização de sua formação moral, cultural, intelectual e de cidadania.

Novamente pergunto: Que tipo de avaliação estamos aplicando? Que aluno estamos avaliando? Para que sociedade avaliamos esse aluno?

Segundo Madaus, "as provas há tempos estão usurpando o papel do curriculum como mecanismo de definição do que é a escola no país". Atualmente é a prova e não a avaliação contínua que está determinando o que é ensinado, como é ensinado, o que é aprendido e como é aprendido.

Os professores colocam particular atenção nas formas das questões dos testes e ajustam o que ensinam de acordo com ela. Obviamente não aplicamos na prova tudo aquilo que ministramos em aula e um aluno que consegue boas notas não será, necessariamente, bem sucedido na vida. Muitas vezes, alunos que não conseguem boas notas têm as mesmas chances de obterem sucesso profissionalmente. O importante é o conhecimento adquirido e não as notas obtidas. Quando os resultados dos testes são o único ou mesmo o árbitro parcial do futuro educacional ou das escolhas de vida, a sociedade tende a tratar o resultado dos testes como o principal objetivo da escolarização. Essa idéia de valor mercadológico da avaliação está embutida na mentalidade da sociedade e, por isso, torna-se importante nossa conscientização real dos assuntos relacionados à avaliação, para que assim possamos também mudar a mentalidade de toda uma sociedade, transformando-s numa sociedade culta e formada por livres-pensadores.

Como podemos observar, essa questão da avaliação escolar é muito delicada. Aqui reside um aspecto perverso do sistema de avaliação que procura legitimar, pela prova, a "exclusão" ou "diferenciação escolar" de amplas camadas populares. Nesse momento surge-nos a consciência de que somos também responsáveis pela "sorte" de todos os nossos educandos, aumentando ainda mais a nossa responsabilidade na hora de avaliar. Reter o aluno significa criar mecanismos para que ele aprenda o que ficou deficiente? Trabalhar suas deficiências antes de pensar em reprová-lo não seria mais eficaz?

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©Marc Fortuna - Parte de "Problemas de Avaliação na visão de Jussara Hoffmann, Luiz Carlos Freitas e Marcelo Raphael Fortuna". São Paulo, 1995, Ed. Teresa Martin
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