As galés
Por Lindolpho Cademartori
" Dos companheiros,
os mesmos
que nas galés da alma estenderam-me a mão,
guardo lembranças sublimes
que nenhum outro ser que não o Homem
poderia compreender a magnitude
A remar, pois, estávamos,
a ter o árbitro-mor nos chicoteando
e o salgado oceano de lágrimas a nos agigantar a dor.;
perguntei ao companheiro
quem era o carrasco,
ao que ele respondeu, soturno e pesaroso:
"O Tempo.".
Repousei os remos, ergui-me e fui à prancha,
olhos a contemplar o oceano
de lágrimas órfãs e sem rumo,
cujos mundos desiludidos haviam há muito sucumbido ao limbo.
Ao termo, decidi-me
por não mais fazer parte do que era
pedi, pois, para que ancorassem no próximo porto
e que, caso contrário, eu pularia.
Eu quis descer, o mundo cessou e realidade me estapeou...
Remanesço, a esperar o fim, e envio-lhe tal carta
No intuito de provar-lhe que tudo no qual você outrora acreditou
esvai-se por si e por mais nada que você compreenda.;
e que seu equívoco maior
foi ter a inteligência na conta de dádiva
e a ignorância na conta de sina
enquanto a verdade atestava para o inverso.
(Gira-se, gira-se.; não para. O Homem contempla e imiscui-se, para sempre e por todo o sempre, em comiseração.) "
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