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Teses_Monologos-->Viajei nas lembranças -- 19/02/2011 - 15:29 (Juliana Mendes Velludo Guidi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu adoro dirigir ouvindo e cantando músicas. É até engraçado, de vez em quando pego alguém me olhando curiosamente.
Hoje, mudando a rádio, ouvi uma música que me fez nostálgica... chegou a cortar meu peito. Senti uma dor... O surdo, com Alcione.
Quando eu tinha uns oito, nove anos, passava as férias na casa da minha avó paterna. Meu tio, irmão mais novo do meu pai, morava com ela. Ele sempre foi muito divertido. Lembro-me de quando ele fazia teatro de fantoches e muitas peraltices com a gente. A sobrinhada toda tinha grande admiração por esse tio. O tio Júnior. Ele me apresentou a letra de algumas músicas. Fazia a interpretação do texto para mim. E eu adorava isso! Lembro-me bem de três: essa que já mencionei; Felicidade, com Caetano Veloso e Chico Mineiro, com Tonico e Tinoco. Nossa! Como fazia tempo que eu não as ouvia! Depois que ouvi O surdo, no carro, cheguei em casa e procurei as outras duas. Fiquei mexida! Não vejo muito a minha família. Somos desgarrados. Mas isso não quer dizer que eu não os ame. Amo tanto que senti essa dor sem nome. Estranha. Mais estranho é tentar descrevê-la... Acho que é saudade... mas não uma saudade que estou acostumada a sentir... Foi tão diferente!
Talvez seja saudade de mim. De uma Juliana que não sabia de dor. Que sentia o amor da e pela família. Não conhecia a maldade... tudo era tão certinho... não tinha preocupações...
Uma coisa eu lembro sentir. E não acho que seja normal para uma criança de oito anos. Eu tinha uma espécie de apagão. É, só que branco... tudo ficava branco , muito branco... tinha uma luz também... como se fosse flash, não sei... E quando isso acontecia, eu me desligava de tudo, era como se mais ninguém estivesse por perto e aí... eu, em silêncio, no mais profundo do meu ser, perguntava: quem sou eu? O que estou fazendo aqui? Por que estou no mundo? E meu coração disparava e eu voltava a ser uma menina normal... Dá para acreditar? Você já sentiu algo parecido? Nunca contei isso. E hoje, por causa de uma música que me provocou uma sensação que não tem nome, senti vontade de escrever sobre minha cegueira branca. Engraçado que só agora me dou conta da semelhança que isso tem com o livro Ensaio Sobre a Cegueira, do José Saramago. Todos ficam cegos, exceto a mulher do médico. E a cegueira é branca! O que isso tem a ver com a minha cegueira infantil? Meus olhos precisam de lentes corretivas, mas minha mente não! O livro mostra do que as pessoas são capazes. Os cegos, em quarentena, passam a viver como animais e descobrem-se animais perigosos.
Como ligar essa cegueira à cegueira de uma menina de oito anos? Pode ser que depois eu amadureça essa ideia. Meus textos são ansiosos. Esse então... mas me fez bem tê-lo escrito.
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