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Artigos-->O público que se dane! -- 09/11/2005 - 09:53 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“O público que se dane”





Não se sabe se o fato é inteiramente verdadeiro ou se entrou para o folclore da história das relações públicas e publicidade.

Mas diz-se que as relações públicas foram criadas por conta de um caso acontecido com o magnata americano Vanderbilt (1794-1877), financista e proprietário de estradas de ferro em seu pais.

Consta que num certo dia seus auxiliares informaram-no de que havia grande revolta dos usuários de sua ferrovia por conta de não sei o que, talvez o preço, os freqüentes atrasos ou o desconforto dos assentos.

Ele quase não acreditou no que ouvia e limitou-se a lhes dizer:

- O público que se dane!

Em razão dessa arrogante atitude, divulgada pela imprensa, houve quebra quebra nos vagões dos trens, com prejuízos para a companhia, que teve de buscar ajuda com especialistas da época para acalmar os insatisfeitos. Nasceu, assim, o conceito de relações públicas.

Há muitos outros casos de desprezo pelo público: conta-se, por exemplo, que Henry Ford, depois de haver criado o famoso modelo T, declarou que os carros que fabricava poderiam ser de qualquer cor, desde que fossem pretos.

Eu me lembro, aliás, que na década de cinqüenta, participando de um curso de administração em São Paulo, visitei inúmeras fábricas no interior. Quando fomos à Singer, em Campinas, constatamos que ela só fabricava o mesmo modelo de máquina de costura, um tipo clássico, feio e preto. Enquanto isso, na cidade vizinha de Jundiaí, a Vigorelli havia lançado u´a máquina moderna, de linhas aerodinâmicas, em várias cores, que terminaria por desbancar a liderança da Singer.

É claro que não se pensava então em “imagem” da empresa perante o público e nem se tinha a compreensão de que o cliente era a pessoa mais importante, do ponto de vista das organizações. Até então predominava o interesse dos acionistas.

Com o advento das relações públicas, da publicidade e também das relações humanas no trabalho tudo mudou e de lá para cá a tentativa de agradar o consumidor, de conhecer seus hábitos, necessidades, preferências, sua capacidade de consumo, enfim, seu perfil passou a ser a pedra de toque das empresas voltadas à venda de seus produtos.

Tudo isso vem a propósito do que está acontecendo no reino do futebol, o esporte que é a paixão do brasileiro.

Desde que a TV Globo comprou os direitos de transmissão dos jogos, sejam as partidas do campeonato da 1ª Divisão, sejam as da Seleção, o torcedor que freqüenta os estádios ou o telespectador que prefere ficar em casa, todo mundo passou a submeter-se aos horários impostos pela Rede Globo. Quando as partidas são à tarde, tudo bem, não há o que reclamar. Mas nos jogos noturnos, o início marcado invariavelmente para as 21:45 é uma violência, um completo desrespeito aos interesses dos torcedores.

Por conta de não prejudicar sua “grade” de programação (que nome infeliz!), a Globo simplesmente provoca um grande sofrimento à população pobre, à galera que não pode perder um jogo de seu time.

O sujeito que mora na periferia das grandes cidades, nos cafundós do judas, ao sair da firma não pode ir para casa. Ou vai para o estádio muito cedo, ou fica em algum bar da vida tomando umas e outras, à espera do horário do jogo.

Depois, lá pela meia noite, inicia sua volta para casa, aonde chega de madrugada. Dorme umas duas ou três horas e logo está na hora de iniciar o caminho de volta ao trabalho, morto de cansaço e de raiva, se seu time tiver perdido.

Não dá para entender porque a CBF e o povo em geral aceitam essa imposição da TV Globo, uma ditadura que revela falta de sintonia com os interesses de seus clientes.

Não duvido que algum descendente de Vanderbilt, na direção da nossa principal e moderníssima rede de televisão, continue a pensar do mesmo modo:

- “O público que se dane”!

21.10.05



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